Nascer sem nome como todos nascem
A fila de espera demorou um tento
E como feras nessa selva cacem
Pra sobreviver é preciso alimento
E ante outra fera maior se disfarcem
Muito cuidado com o contravento
Nada nos livra do correr de um dia
O sol nos aponta com inúmeros dedos
Com a mais movimentada monotonia
Em seus desnecessários segredos
A nau navega com sua grave avaria
Somos apenas mais pobres brinquedos
Os miseráveis estão pela calçada
Juntam seus trapos com certo capricho
Ter o mundo e só não ter mais nada
Do que a cidade acaba jogando no lixo
E mesmo a noite não ter mais calada
Cada um escondido em seu nicho
Nascer sem nome como todos nascem
Filhos da poeira e do pó e do cimento
E como estrategistas caminhos tracem
Tenham cuidado com cada momento
E ante outra fera maior se disfarcem
Muito cuidado com o contravento...
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