sexta-feira, 22 de abril de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 162


Pouco tempo, muito pouco e muito o que fazer. Como quem procura os brinquedos que perdeu. Pouco tempo, pouco demais e tanto pra fazer. Devo amar todos os amores que não amei. Quase nada, contam-se os segundos apressados. Trazer de volta os sonhos que voaram lá bem do alto. O relógio está enguiçado, seus ponteiros correm como loucos. Meu grande medo, o tempo não faz barulho, chega na ponta dos pés junto com a morte. Preciso colorir todas as telas que deixei de lado, elas merecem sua cor. Pouco tempo, muito pouco e muito o que fazer. Até uns versos desesperados precisam nascer...


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Uma grande volta, meu amor, minha meninice junto à sua. Vamos sair por aí para catar estrelas e escutar sons que ninguém até hoje não escutou. O mundo é mau, muito mau, eu bem sei. E também cheio de muitos e muitos perigos, mas façamos um trato: Você me defende e eu lhe defendo. Me defenda com a sua pureza que se escondeu como uma brasa se esconde sob as cinzas, eu lhe defendo com a minha malícia que usa asas para ir sobre as nuvens. Uma grande viagem, meu amor, até quando eu não sei, até quando, sinceramente, eu não sei...


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Juntou uma multidão lá em baixo na rua para ver quem subiu lá no topo do prédio. Alguns curiosos com suas perguntas usuais, outros com seus celulares prontos para viralizarem em suas tolas redes sociais. Os bombeiros vieram cumprir sua tarefa, os policias cumprirem seu dever. Por que estava lá? Em que instante iria pular para o infinito ou para um grande vazio? Teria asas escondidas? Ou seria apenas a filmagem de um novo comercial? Ele tranquilamente tirou seu sanduíche do bolso, comeu, limpou a boca com a manga da camisa e tranquilamente desceu para o térreo...


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Onde eu estava? Nem eu sei... Talvez repetindo súplicas inúteis por dias melhores, dias iguais aos que passaram e eu nem vi... Estaria no alto, bem acima das nuvens que tranquilamente dormiam ou em abismos desconhecidos de uma certa paz mesmo que solitária? Ou seria o paciente em coma que ainda sonhava no meio de uma escuridão espessa como um pneu queimado? Não sei... Não sei... As minhas infelizes dúvidas podem ser até um consolo em meio ao turbilhão de nadas em que vivo. Onde eu estou? Nem eu sei...


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O absoluto é um cigarro torto na boca de um bêbado. O relativo é uma mancha de batom no colarinho de um adolescente. O sonho é um rato que escapou da ratoeira. A fantasia é o sol que um gato deitou para dormir. O amor brinca fazendo castelos na areia molhada da praia. A solidão fecha os olhos para não ver a multidão em torno dela. Revoluções começam todas pelos quintais. A coragem foi o medo que veio com defeito de fabricação. Os gostos não desaparecem das bocas enquanto usam suas camuflagens. Todo poema é uma pedra atirada que nos atingiu sem querer...


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Comecei a espreitar-me e descobri variados ineditismos. Alguns acabaram me chocando, outros nem tanto. Nada mudou realmente, só as embalagens acabaram ficando empoeiradas, mas seu prazo de validade é quase infinito. Ainda acredito como a maioria das pessoas que a esperança foi dar um volta pelo quarteirão e chegará logo para almoçar. Também acredito que a solidão não quis ferir-me e isso aconteceu sem ter alguma malvada intenção. Comecei a espreitar-me e descobri vários ineditismos. Um deles é que ainda sento-me na mesma calçada e espero os doces de minha tia...


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Eu já me esqueci quantos foram embora, só sei que foram. Transformaram-se em nomes e em saudade também. Essa simplicidade é mais complicada do que possa parecer. Rostos que riam, rostos que choravam. Palavras muitas e agora silêncio. Eu era o menor da fila e agora sou o último. Posso trocar meu nome? Talvez seja melhor me chamar Saudade e com o sobrenome - Solidão...


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