Eu farei grandes poemas de poucos versos
A vida é um grande poema a ser escrito
Mesmo quando o poeta acaba se cansando...
Olho pelo alto nessa janela a rua tumultuada
E vejo tantos versos anônimos que passam...
O carro que passa em disparada para o nada...
O menino pobre e maltrapilho com tanta alegria...
O cachorro vira-latas contemplando o dia...
A moça quase bonita sonhando com seu amor...
O mendigo sonhando com suas moedas...
O passarinho repetindo sua cantoria...
Olho em volta os móveis imóveis e os objetos
Arrumados com o capricho que alguém teve...
A poesia baterá em minha porta hoje?
Eis que ela chega sorrindo sempre
Mesmo quando vem me falar sobre tristezas...
A imaginação continuará seu carnaval?
Em todos eles faltou um detalhe
Para que se tenha um no próximo ano...
Eu farei pequenos poemas de muitos versos
A morte é um poema tão bonito quanto a vida
Caço perfeições no ar que está em torno...
Cada detalhe é uma novidade estonteante...
Em mim guardo todo um infinito
Espalhado por centenas de páginas
Transformado em muitos minutos
De quem eu conheço ou nunca conhecerei...
Coleciono enumeráveis sentimentos
De um outro que também sentiu...
Meus olhos olham além de toda escuridão...
Meus pés percorrem todas as terras
Mesmo quando não saio do lugar...
Descobri variadas soluções para enigmas
Tão intricados que passam desapercebidos...
Tudo tão absolutamente relativo
Como um grande mar que trago no bolso...
(Para o poeta Gilberto Sorbini).
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