terça-feira, 19 de abril de 2022

Seu Salvador e Os Pastéis de Dona Dora

Seu Salvador, tão tranquilo,

Na bicicleta pelas ruas,

Sua simpatia silenciosa,

Mesmo esfriando os pastéis eram gostosos,

Cheios de carne, 

Feitos pelas mãos mágicas de dona Dora.

A casa pequena nos fundos onde moramos

E papai deixou-me desmontar o despertador.

O velho bar do lado, 

De onde ele me tirava da cadeirinha da bicicleta

E me colocava sentado no balcão. 

Xaxaxa, pai, xaxaxa.

Lá no final da rua a antiga escola

Em frente ao mar, ao lado da igreja.

Dona Dora, tão apressada,

De tirar os elefantes de porcelana

Com suas correntinhas douradas

Quando eu aparecia por lá, 

O medo de que eu quebrasse tudo

Que ficava em sua penteadeira no quarto.

A parada de circo que eu desmaiei 

Bem na cadeirinha da bicicleta

Pois não aguentei o cheiro da bosta dos leões, 

Igual quando fomos ao na excursão ao zoológico.

Beco Zé Coqueiro ou José Coqueiro, sei lá.

Não há mais pastel, nem seu Salvador, nem dona Dora,

Acho que nem os elefantes nas correntinhas.

Mas o menino continua aqui por enquanto.

Xaxaxa, pai, xaxaxa...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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