quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Insaneana Brasileira Número 90 - Modus Operandi


Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Olhe para a frente porque nos lados não existe nada. Olhe para a frente porque as vitrines estão lá. Olhe para a frente porque novos códigos falam sobre nada.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Não espere a esperança porque hoje ela não vem. Não espere porque o futuro agora dorme. Não espere porque a luz faltou e a net caiu.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Todas as histórias são as mesmas requentadas. Todas as lendas possuem um fundo de mentira. Todas as promessas para sempre foram quebradas.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... É a força fazendo uma queda-de-braço desonesta. É a força fazendo com que a fila interminável não ande. É a força pedindo desculpas por ter apenas te matado.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Mil adaptações para que tudo se torne obsoleto. Mil adaptações para que o mundo pare de girar. Mil adaptações para que a raiva cegue milhares de olhos.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Uma nova dança para quem não tem pés. Uma nova cor para quem perdeu o juízo. Uma nova novidade para velhas velharias.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... As fronteiras calam os sonhos. As fronteiras cavam muitas covas. As fronteiras quebram os brinquedos de todas as crianças.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Um carnaval com as caras mais sérias. Um carnaval repetido em todos os altares. Um carnaval onde as carpideiras possuem seu bloco.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... E qualquer lado está errado. E qualquer dia está frio. E qualquer amada nos trai.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Não há piedade na fome que nos ataca. Não há piedade na mão que nos fere. Não há piedade no escárnio que nos persegue por escuros corredores.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... O corpo está caído no asfalto. O corpo carrega todas as dores do mundo. O corpo leva a culpa de todos os desatinos da alma.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... Já começou a temporada de caça. Já começou o discurso sem palavras do mais sábio dos homens. Já começou o amor que nos jogará no abismo.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai... O que eu não entendo nos serve de abrigo. O que eu não entendo serve como qualquer outra desculpa. O que eu não entendo me abriga do perigo.
Tantas vezes se repete. E a inteligência se vai...

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