quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Sem Temer

Não fique assim, meu amigo. As coisas não são tão ruins como parecem ser. Eu sei que choramos desde o primeiro momento, mas isso faz parte do jogo. Os que choram, sentem, e, benditos sejam os que choram. Benditos os que possuem histórias mais diversas pra poder contar...
Eu sei que as coisas demoram, meu amigo. E que aquilo com que sonhamos, às vezes, teimam não vir. Não é questão de conformismo, é questão de coragem vê-los ir embora como nuvens que caminham para outras paragens do céu. Sem falar que existem sonhos que estão disfarçados, não passando de decepção...
Eu concordo que a morte seja cruel, meu caro. Mas o que fazer? As rosas também possuem muitos espinhos e espinhos, sempre ferem. Vamos então viver cada segundo preciosamente, fazendo de nosso riso um presente que damos para nós mesmos...
Cada dia é um dia. Um companheiro que não conhecemos, mas que vem nos visitar. Pode ser alguém bom ou ruim, mas tudo depende dos olhos de quem está vendo. Bem e mal sempre andam juntos, de braços dados, inimigos sim, mas companheiros sempre...
Cada oportunidade é única, tenha certeza. Os rios nunca voltam atrás, assim também faz o tempo. O tempo, esse beberrão incorrigível que sempre nos conta piadas de mau-gosto, mas muito engraçadas...
Não se desespere, meu querido. O destino é a tempestade, mas a vontade é o barco. Naveguemos sobre as ondas furiosas até que chegue ao porto mais seguro...
Que suas mãos sejam rudes pelo trabalho, mas as mais ternas ao acariciar quem você ama. Que seu grito sejam escutado aos quatro cantos do mundo, mas seu suspiro só as flores escutem. Que seus olhos mesmo que molhados de lágrimas, nunca deixem de enxergar todas as flores que o jardim lhe oferece como a maior prova de todas que tudo vale a pena, mesmo quando isso significa sofrer.
Vá adiante, meu camarada. Ainda que faltem pés, a estrada sempre existirá. A poeira é eterna e serve de companheira para todos os viajantes. Novas peças serão encenadas, a platéia é sempre generosa com seus aplausos, mas sempre o pano tem que cair.
E, por fim, não tema. O medo não faz parte do nosso enredo, nem está escrito em nossos versos. A máscara do bicho-papão cai no chão quando a noite vem e, até ele, treme de frio e de sono. Não tema...

2 comentários:

  1. Lindíssima poesia que nos dá força para combater o medo que atravanca nosso futuro e nossos sonhos.

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  2. Lindo demais! Me identifiquei talvez por pensar assim também...

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