terça-feira, 30 de setembro de 2025

Pediu Para A Dor

Leia o livro

Assista o filme

Compre logo...


Resolva seus problemas com otimistas teoremas

Com meia dúzia de linhas mate ideias mesquinhas

Com ideias insanas que a net oferece faça a prece...


Log logo

Mude a senha

Ganhe like...


Você pode passar fome mas não perder a fama do nome

A sua vida consiste na rede social em gênero número e grau

Temos vergonha de sermos humanos senão sob os panos


Mande nude

Faça fake

Bole o meme...


Para todos só importa se o corpo é vivo e a alma morta

Ele jogou tudo no Tigrinho - sua família sua vida seu carrinho

Teve tiroteio no morro com pavor geral e grito de socorro


Mate o amor

Destrua o sonho

Banalize o sexo...


Beije os pés do tirano como faz qualquer um que é insano

Beberemos até vomitar e seremos como a estação fora do ar

Conte de um até três e não saiba nem contar uma outra vez


Engula tudo

Pise na flor

Fale errado...


Roube todo o dinheiro do povo e se puder faça isso de novo

Seja um idiota de carteirinha enquanto sua cultura definha

Seja um grande moralista enquanto seu crime não tem pista


Mostre o rabo

Não voe nunca

Aumente o medo


Palmas para o que não entendeu até a vergonha que perdeu

Favorite o que não tem necessidade e faça disso sua prioridade

Seja o mais esperto mesmo que nunca tenha sido o desperto


Leia o filme

Assista o livro

Compre logo!...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Confuso Muito

É um baralho em jogo

(Não se deve confiar em ninguém

Por mais de trinta segundos)

Um croupiê fazendo seu serviço


São peças de dominó caindo

(Os humanos nasceram para trair

E no final apenas apodrecer)

Como na primeira batalha


Todos tentam imitar Deus

(Como quem faz castelos de areia

Debaixo de um temporal)

Mas a vida é muito curta


Vamos parando por aqui

(Só os versos podem continuar

Porque são atemporais)

Mas o poeta não é...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Feito Um Rio

É que nem um rio dentro de um envelope

Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem...

Quase um enigma sem segredo existente 

Que qualquer bêbado decifra vomitando...

O meu cão estava desesperado com as pulgas

Que o nosso jardim não tinha para lhe dar,,,

Estampidos no sábado no meio da feira livre

A desgraça como sempre veio levar maus um...

Alguém pulou lá de cima de um arranha-céu

E para comoção geral acabou caindo de pé...

A Youtuber ladra de todo o esforço de terceiros

Mostrou a bunda no tribunal e aplaudiram de pé...

O lixo da sociedade vai sempre para o aeroporto

E desconhece que um dia irá morrer como todos...

Tudo que é simples não precisa pedir passagem

E é sempre bem vinda como aquele copo d'água...

O silêncio é como uma faca que possui três gumes:

O gênio ou a mediocridade ou é silêncio apenas...

Como dizia o velho ditado: Em rio que tem piranhas

O jacaré esperto acabou de montar o seu cabaré...

Em casa de sanfoneiro o espeto logo sai dançando

E isso é mais que um motivo para a novela das seis...

O Babá não pode conter mais nenhuma baba sua

E ensinou aquilo que não aprendeu em tempo algum...

Fui no mercado dar uma olhada na cara dos produtos

E eles acabaram xingando a mãe que não tenho mais...

O esmalte tem muitas saudades destas minhas unhas

Assim como a sujeira das minhas mãos que não lavo...

O cantor famoso que não vale nem mesmo um caralho

Foi fazer um show sobre coisas que nunca acreditou...

Só mesmo neste meu país de estonteantes absurdos

Que patriotas rezam para pneus e cagam no tribunal...

Toda intolerância acaba tendo intolerância a lactose

E só come glutén toda vez que também come glutén...

Quase todos os pobres estão impedidos de ser veganos

Porque se cai uma mosca na comida a comem também...

O jovem de classe média acabou perdendo a vergonha

E fez sexo nasal na frente de todo mundo nesta rave,,,

Coloque dois ovos em uma frigideira com óleo quente

E nenhum dos dois escreveu algum soneto interessante...

A artista famosa que faz grandes bolos mais realistas

Acabou se confundindo e mordeu a bosta do seu pet...

O gorila do filme antigo que meu pai sempre contava

Passou de verdade a navalha no pescoço e caiu morto...

Moby Dick agora vem dentro de uma simples lata

Que é vendida na barraca que funciona na esquina...

Baby Blue agora anda de motocicleta envenenada

Mas tem medo e no seu traseiro não passa nem wi-fi...

O macaquinho pegou os dois biscoitos ao invés de um

E ganhou mais uma martelada no crânio de brinde...

O peixe-boi acabou de mugir da mais pura tristeza

Porque faltaram tangos argentinos para o piquenique...

A terra é redonda e é plana? Então ela é uma pizza

E o sol é o simpático motoboy que faz o delivery...

Nestas vinte e cinco horas do meu tão pobre dia

Tento peidar e arrotar sem  poder confundir os dois...

Sexo faz bem para quem pode fazê-lo entre as refeições

Porque junto com elas será apenas mais um fetiche...

Aliás os sexólogos atuais são como analistas políticos

Concluíram que esta nossa pobre vida está uma foda...

Não possuo nenhuma educação neste exato momento

Esqueci ela no bolso das calças que botei pra lavar,,,

Passar mais que um dia inteiro com a Daisy Taylor

Pode valer mais do que uma passagem na Arca de Noé...

Meu nome agora é Nome porque esqueci meu nome

E tenho muito medo de escolher um outro nome feio...

De cada uma besteira que eu falo acabo falando dez

E nisso sou muito bom de tabuada pode me acreditar...

Já fiz muitos sanduíches de tachinhas e bolos de prego

E aquelas tão famosas macarronadas de barbante...

Quem morrer verá como foi um total desperdício

Guardar grilos nas gavetas junto com muitos papéis...

A madame bateu as botas e o madamo esticou o pernil

Que nem o miserável que fazia malabares no sinal...

Um quase susto foi um susto que acabou exagerando

E caiu durinho no meio do caminho e nem chegou...

O sargento Tainha estava quadradamente enganado

Porque a revistinha era de propriedade do Recruta Zero...

Hitler bebeu um drinque de gasolina com Eva Brown

Servido por Idi Amin Dada numa bandeja de lata...

Acho que sobraram mais ou menos vinte dedos de Coca

No garrafão que bebi de uns trinta litros mais ou menos...

Os periquitos acabaram de ter um senhor faniquito

Porque faltou manteiga em sua nova torta de manteiga...

Um saiote de morangos para a bailarina de Municipal

Com uma linda barra feita de bagos de jaca lilases...

Frutas de plástico orgânico são de mais fácil digestão

Para as focas oriundas do sertão nordestino do sul...

É que nem um rio dentro de um envelope

Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 28 de setembro de 2025

... E Não Cantou

No meio da noite qual pássaro noturno

(Lugar comum como muitos outros)

Com a colcha da escuridão como abrigo

(A única possível para os miseráveis)

Permaneceu imóvel como para eternidade

(Poderia ser de uma outro forma?)...


Em alto-mar qual náufrago que se perde

(A tábua de salvação é o resto da nau)

Assim como em terras tão estranhas mares

(Remota salvação de mais perdidas ilhas)

Talvez uma garrafa chegue em alguma praia

(Quem pode medir o tempo do desespero?)...


O álcool sobe rápido para o nosso cérebro

(Depois de percorrer os quilômetros das veias)

Como uma pedra que foi jogada ao rio rápido

(A tontura faz parte desta malvada velocidade)

Até que passe de uma vez e fique só depressão

(Onde estava aquele riso que não tinha motivo?)...


Eu não tive culpa mas a culpa foi minha também

(Nasci no meio de um temporal que fazia frio)

Só minha mãe sentiu horas e horas de pura dor

(Deve ter sido por isso o porquê nasci chorando)

O espelho foi a ajuda para o menino envelhecer

(Por que não cantei quando junto com os pássaros?)...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Divino, Maravilhoso, Mas Nem Tanto...

Justificáveis clausulas pétreas de apatia

De ninguém ligando porque agora já é dia

E a torneira está pingando desde a noite passada

E não tem nada mais à declarar, mais nada...


O carro corre afobado para bater na mureta

Enquanto o fiel mais contrito aplaude o Capeta

Rimas em dólares é tudo aquilo que nós queremos

E aquilo que os olhos veem é o que nunca vemos...


Vou escondendo de uma vez os meus defeitos

E vou me perdoando com os mais possíveis jeitos

Não fui que quebrei o vidro e nem rasguei a camisa

Nem apertei o botão de alarme quando não precisa...


A sidra barata para as nossas vis comemorações

E o que mais temos de doces estão no suco dos limões

Vamos fazer uma linda cama toda coberta de espinhos

E fazer uma nova multidão com todos nós sozinhos...


Ela tropeçou, caiu na passarela e disse que era parte

Assim que faz quem desfila nos desfiles feitos em Marte

Nos bailes funks estão executando novos passos de balé

E essa nova Tropicália é quem dita as regras da ralé...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carliniana CI ( Complexos Até Que Simples Então )

Teias de aranhas maravilhas de uma tecelagem

Ninhos de passarinho engenharia inigualável

Cantoria do uirapuru sinfonia solo na floresta

Bando de pardais exército solene pelos céus...


Olhos? Dois para cada cena que eu pude ver...

Milhares deles, feito constelações...


Desespero de quem tem apenas calçada de cama

Frustação daquele que não possui nem pro café

Os incontáveis dramas de todas essas famílias

Os conflitos entre nações que fazem parte do globo...


Lembranças? Mais altas que os picos do Himalaia...

Esqueço de umas, de outras não...


Muitas horas deitado em um divã de um analista

Ou tentando entender o porquê da atual violência

Sem saber o motivo do risco que correm as baratas

E porque as colchas das colchas de retalhos sumirem


Ouvidos? Qualquer som entrou sem ter licença...

Até o roer das unhas teve cadência...


Cacos de ladrilhos nos quintais das velhas casas

Galinhos com macarrão de almoços de domingos

Namoros intermináveis nos calados sofás da sala

Códigos indecifráveis nas pichações destes muros


Aromas? De circo, de cinema, de praça, parque, todos...

Até os desconhecidos podem comover....


Novos labirintos de maravilhas tão assim tecnológicas

Senhas como abismos profissionais de pura obviedade

Palavras virais de memes que irão desaparecer logo

Jogos digitais parasitários da esperança mais popular


Intuições? Até velhos muros possuem antes da queda...

Borboletas capricham na sua estética... 

sábado, 27 de setembro de 2025

Intermináveis

Pombos catando milho...

Ondas chegando na praia...

Nosso pulmão trabalhando...


Essa dança que não acaba...

A canseira do existir que não vem...


A corrida dos ponteiros...

Os rios que enlouquecem...

Contarei os grãos de areia...


Essa paixão que assim persiste...

O beijo que eu queria poder te dar...


Solidão dentro da noite...

A pirraça daquele que era...

As estrelas brilhando no céu...


O bater das asas deles...

As frutas desta estação de agora...


Os passos nesta louca cidade...

As buzinas dos carros impacientes,,,

A fome de todos nossos pobres,,,


As contas das novenas...

Os reeels da rede social...


A ganância antes da morte...

A carreira de todos formigueiros...

O mergulho das folhas amareladas...


A confusão do embriagado...

O pião que está rodando no chão...


Cada centímetro do universo...

Sonhos dos que nunca desistirão...

As palavras dos poetas que caminham...


Histórias contadas dos antigos...

Gritos nos dias das feiras livres...


Os carnavais que ainda virão...

A sede dos andarilhos dos desertos...

A corrida dos meninos no hora do recreio...


Intermináveis... Termináveis...

Tudo o que sinto, agora...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Aperte O Botão

Aperte o botão.

Talvez sim, talvez não.

Ou é ele ou é ela?

Porta ou janela?

Dia ou noite?

Carinho ou açoite?

Poema ou receita?

Esquerda ou direita?

A roupa ou a traça?

Caçador ou caça?

Cozinha ou banheiro?

O último ou o primeiro?

É aqui ou é lá?

Quer café ou quer chá?

Um beijo ou um soco?

É o são ou é o louco?

Tarefa ou descanso?

Indomado ou manso?

Foi na sopa ou na mosca?

Delicada ou tosca?

O morto ou o vivo?

O acaso ou o motivo?

É fato ou é boato?

Tá caro ou tá barato?

Bloqueei ou fui bloqueado?

Foi morto ou foi matado?

Espero ou desisto?

Tiro a roupa ou me visto?

Faço a reza ou rogo a praga?

Ele cobra ou ele paga?

Come carne ou come folha?

É obrigado ou tem escolha?

É bacalhau ou é sardinha?

Tem agora ou tinha?

É um tatuí ou um camarão?

É o estranho ou meu irmão?

É a sereia ou é a baleia?

Está no pé ou está na meia?

É farinha ou é fubá?

Tem cachaça ou tem guaraná?

Aperte o botão.

Talvez sim, talvez não...


(Extraído da obra "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Aquela Flor ( Simples Mistério )

Corpos se entendem, entendem sempre.

Eu quero apagar o sol, mas não consigo.

E dar um ponto final, mas ele não existe.

O ninho sempre nos abriga, mesmo agora.

Eu ando pela areia, sou quase pássaro...

Um dia foi uma festa, agora não é mais.

Veio numa garrafa, foram tantos mares.

É como uma injeção, dói e depois passa.

Não faço perguntas, eu só falo demais.

Eu nunca fui o barco, sempre fui o vento...

Meu estado é crítico, dispenso a crítica.

Eram três irmãos, mas agora são dois.

Partidas e chegadas, as duas têm fôlego.

Eu queria um doce, agora não quero mais.

Era a coroa do, mas até ela foi ao chão...

Isso parece mandinga, mas só parece.

Se a alma sorri, tudo acaba sorrindo.

O rios sempre esperam, os sedentos vêm.

O palhaço tem mil cores, eu tenho mais.

Para cada gota de sangue, um espinho...

A bela chegou, vamos então saudá-la.

Para uma canção, qualquer idioma serve.

A mosca tem estratégias, menos com teias.

Um dia eu chego, mesmo em lugar nenhum.

Escolha sua moeda, mas tenha cuidado...

Subimos as ladeiras, mas também descemos.

É perfeitamente imperfeito, pode acreditar.

Que olha para o mundo, o mundo olhará.

As nuvens pesam tanto, mas elas descem.

Uma flecha atingiu-me, só não sei onde...

Na guerra o sono chega, mas ninguém dorme.

O que foi negado, negado sempre estará.

No próximo minuto, um minuto já acabou.

A maldade não tem lógica, só tem defeitos.

Estou sozinho como nunca, mas nunca só...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

E Saiu Dançando...

Apesar dessa tristeza, do copo quebrado,

Da noite mais escura, do olhar de lado,

De todos os desafios que ainda existem

E de todos aqueles males que insistem


Apesar de toda aquela pobreza extrema,

Da parte mortal de qualquer um poema,

Da cara suja e da vergonha descarada

E de nunca ter significado quase nada


Apesar do olho com mais que um cisco,

Do campo de batalha, de seu todo risco,

De que esse ano não terá samba-enredo

E que acabaram quebrando o brinquedo


Apesar de não ter mais a moça da janela,

De não saber mais nenhuma notícia dela,

De ter más previsões vindas do estrangeiro,

E de ter fome, mas não ter nenhum dinheiro


Apesar de até o meu menino ter enlouquecido,

De todo sonho que era novo ter envelhecido,

Das rimas toscas que foram assim sucedendo

E aquela manhã mais fria foi se escurecendo


Apesar de não ter mais nada pra poder falar,

De ser bem melhor ficar em silêncio e escutar,

De morder a língua e aguentar toda essa sede,

De querer dormir e virar a cara para a parede


Era mesmo fim de festa e ainda assim saí dançando...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Carliniana C ( Enigmas Receita de Bolo )

Como uma comunhão de sábios desesperados

Que despertaram de madrugada ou foram acordados

Este pobre poeta de alguns versos desvariados

Vai misturando quase tudo...


Pois é esta fome que agora tenho e também sinto

É uma fome quase incomum que feito um labirinto

Que me embriaga mais do que este vinho tinto

Estou pronto para enterrar-me...


Todo mês de agosto é mais do que mês passado

E um acerto que certamente acabou dando errado

Sem se importar se me deito e viro para o lado

Um estalar de dedos não é mágica...


Numa praça vazia sentou-me em qualquer banco

E em minha alma vadia falta algum sorriso mais franco

E quem me dera agora fosse mais um saltimbanco

Errando a meta e acertando algo...


O fundo musical é agora como um tango argentino

Que me causa uma aflição tal qual fosse um desatino

Do qual compreendo quase tudo menos esse destino

Afoguei-me na beira da praia...


Como uma comunhão de lábios entreabertos

Que mesmo dormindo ainda estão mais despertos

Este pobre poeta vai solitário por estes desertos

Vou misturando quase tudo...

Perguntação

Não devo e nem tenho.

De onde eu venho?

Nem faço e nem sou.

Quem me achou?


Bicho de pelúcia feroz.

Comeram a casa e deixaram a noz.

Deram um tiro no Mágico de Oz!


Não quero e nem peço.

Eu fiquei possesso?

Nem tive e nem tava.

A ave é que voava?


Acenderam a vela do dia.

Já vai começar logo essa putaria.

Eu não quero comer melancia!


Nem grátis e nem de preço.

Qual o seu endereço?

Nem de avião e nem de navio.

Quem parou esse rio?


A vida do pobre é fodida.

Se é que se pode chamar vida.

Não existe meia medida!


Nem triste e nem alegre.

O que nos persegue?

Nem claro e nem escuro.

O que há além do muro?


Tudo que está errado.

Não pode ser então explicado.

Tenhamos dedos cruzados!


Não devo e nem tenho.

De onde eu venho?

Nem faço e nem sou.

Quem me matou?


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Prato Vê O Tocadinho

Oboé se toca com os pé

Violão se toca com as mão

Prato vê anjo batuta 

Sou um bão filho-da-puta

Num ganho nem um caroço

Pra cavar esse meu poço


Mas muque num tem truque

Todo conhaque é um traque

Prato vê anjo fulero

Passar fome é tão manero

Num ganho nem um soco

Pra corno todo é um poco


Diferente é cada um dente

Vai pá trás outro pá frente

Prato vê anjo nanério

Isso aqui é um cimitério

Num ganho nem patada

Excorrego dessa escada


Prato vê prato vê

Me dá um dá um tocadinho aí?


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Carliniana XCIX ( Estas Esporas do Cavalo Que Eu Não Tenho )

 


Estas esporas do cavalo que eu não tenho

Fazem que as marcas de suas patas marquem

O pó da estrada pela qual nunca eu andei


O sorriso no canto da boca que nunca tive

Lembram da festa que eu não fui convidado

E mesmo insistindo em ir acabou bem antes


Aquele beijo que dei em tua boca inexistente

Trazem as lembranças bem mais que bonitas

Que nunca foram escritas em caderno algum


O discurso que fiz com palavras silenciosas

Num domingo de sol quase que até meio quente

Acabou acarretando mais alguma possibilidade


A tempestade que chegou com todo o ímpeto

Do mesmo jeito que chegou acabou indo embora

Tudo tem seu final ainda que não possa conhecer


Como hoje está tão quente! - Já dizia o verme

Que por viver num solo bem mais úmido e frio

Não conhecia o calor da fogueira sem nela morrer


Estas esporas do cavalo que eu não tenho

São os versos que não foram lidos e não serão

Até que nada mais exista e seja o fim dos tempos...

Ressurreição


 A barata ganhou um pisão

(Nem deu pra identificar o filho-da-puta que fez isso...)

Ficou de pernas para o ar

No começo ainda as movimentou 

Como quem tenta viver e não consegue

Praticou outra estratégia

Imóvel o tempo suficiente para passar o perigo

(Enquanto isso a sujeira que comeu digere)

Talvez um Kafka mal-escrito e comum

Levantar é apenas uma merda

Fugir fugir fugir e fugir

Até que a morte realmente chegue...


(Extraído da obra "O Livro dos Méritos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Magnus Opus

Ele escrevia textículos pra rede social.

Ganhava alguns trocados pra comprar seu grau. 

Trocava alguns nudes pra alisar o pau.

Contava suas vantagens, isso era normal.

Fumava seu baseado no canto do quintal.

Ganhou tapona da PM quando pegou geral.

Não sabia de porra nenhuma, nem que era imortal...


(Extraído da obra "O Livro dos Méritos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Receita Atual para Fazer Poemas “Bonitinhos” ou O Que A Mídia Nos Proporciona Agora

 

Fale coisas que só demonstrem

Que você possui uma falsa genialidade,

Que seus princípios são sãos

(Mesmo quando nunca foram...),

Escreva textos bem curtos

Se o seu objetivo é apenas aparecer

Ou alguns mais longos e maçantes

(Quando seu objetivo é o mesmo) ...

Nunca use palavras “proibidas”

O fantasma dos algortimos

Poderão vir lhe assombrar 

E botar para correr todos os seus likes...

A fidelidade aos seus princípios

Pouco ou quase nada importa

Se conseguir fama seja imodesto

Apenas de forma secreta

(A modéstia mesmo quando falsa

Acaba virando cereja do bolo)

E por fim, contribua firmemente

Para a manutenção ativa

Da grande fábrica de idiotas

(Você é um deles...)...


(Extraído da obra "O Livro dos Méritos" de autoria de Carlinhos de Almeida).


Parque de Indiversões

Pássaros sem sua voracidade usual

E a estrelagem dos olhos dele ontem

Como esquecerei o que é inesquecível?


O calor chegou, chegou, chegou

E com ele a monotonia prometida

Mas que matava de uma vez em si...


O coelho que era um outro roedor

Em noites de luzências frias e quentes

Foi no lugar mais distante de logo ali?


A alma era plena, plena, plena

Mesmo quando cabia toda na palma

E apenas algumas moedas já bastavam...


Eu me feri sem ter pretensão alguma

Aquele seu livro contava apenas fakes

Posso tirar logo a sua roupa, querida?


O quarto era quente, quente, quente

Mesmo quando cubos de gelo permanecem

E os malvados rangem seus afiados dentes...


Na escuridão as cores ficam tão bonitas

E Narciso não precisa mais de um espelho

Seu nome veio de que planície tão deserta?


A chuva cai lá fora, lá fora, lá fora

Até quando meu copo possui mais gotas

E até meus olhos possuem suas usuais...


Passarinhos sem sua ariscagem inusual

E olhos atentos sem nenhuma má intenção

Como poderei subir nessa escada de nuvens?...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Não Era Um Piano...

Não era um piano,

Era um fole tocando razões inquestionáveis...


Respeito à parte,

Tudo que sobe, desce

E nisso encontramos razões

Para andar e mais nada...


Não era um pandeiro,

Era um triângulo que só seu metal já bastava...


Alegria à parte,

Seja noite ou seja dia,

Cada canção que existe 

Acaba nos fazendo chorar...


Não era um blues,

Era a menina que agora não é mais não...


Luto à parte,

Na sombra ou na luz,

Minhas asas agora batem

O espaço acabou se perdendo...


Não era uma fome,

Era apenas a força do hábito de ser mais...


Deboche à parte,

Um orgasmo já me basta

Igual bomba que explode

Sem escolher uma hora mais certeira...


Não era um vinho,

Era aquela aguardente que nem um castigo...


Castigo à parte,

Um boteco na esquina da vida

Como um inferno para os mortais

Meu sono maldormido que foi anteontem...


Não era um batuque,

Era uma reza feita às pressas no desespero...


Amarelo à parte,

Todas as cores acabam confundidas

Na enorme miscelânea que chama mundo

E que afinal pouco ou nada não importa...


Não era um piano, 

Era apenas mais um zumbido em meus ouvidos...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 21 de setembro de 2025

Fã-Clube dos Desesperadamente Ilícitos

Rodada de pão e ovo para todos nós

Célebres dias com porra nenhuma

A arte nos permite muitas licenças

Nenhuma frase é grande o bastante

Eu não perdi o tempo e ele me perdeu


Até a rotina tem algo mais inédito

O baião de três é a nossa nova moda

E ser cremado agora em fogo brando

Os pombos-correios só usam e-mails

O charlatanismo tem suas receitas


Somos best-friends e grandes bestas

A marola só gosta mesmo de mariola

Sou fanático por qualquer um biscoito

O vento não me deixa ir nem por perto

As folhas mortas são mais vivas que eu


Estou sozinho como sempre um dia fui

O protesto na praça vai animar a massa

O cara comeu o som e esqueceu do sal

Quem morreu só sabe frases mais olds 

As panteras brancas gostam de chocolate


O Pastoril do Caceta animou o enterro

Toda brincadeira é algo sério por demais

Há muitos bemóis nestes nossos girassóis

Um dia serei tão aquilo que eu nunca fui

Se o Diabo viralizar tiro uma selfie com ele...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carliniana XCVIII ( Como Uma Espera Inesperada )

Não saberemos o dia seguinte -

- Ou é festa ou é luto -

O carro cairá na ribanceira -

- Não sobreviveremos -

Haverão sinais de fumaça -

- Pode ter sido um incêndio...


Uma espada corta o ar

Com sua lâmina de papel

O barulho desses gritos

É cantoria sem ter fé

Haverá um litígio novo

É um deus que vira a cara...


As nádegas estão tão fartas -

- Apenas disciplina - 

Teias de aranha ou designers -

- Nunca saberemos -

Velho remanso de teclado -

- E não era nem piano...


Foi um batuque na cozinha

Se Pedro Pedreiro dorme

É de queimar os miolos

Burocracia de algoritmos

Pois quem sabe ser feliz

Jogou fora a chave...


- Monte de lixo artístico -

- Novos ventos incolores -

Absinto para abstêmios -

- Qualquer parada encanta -

Os cavaleiros de motores -

- O surdo escuta melhor...


O papagaio de gravata

As dores de toda calúnia

O dicionário impalavrado

A cigana leu meu pé

Faltando água no mar

Os peixes não voarão...


O famoso foi vaiado -

- Era mais um lance -

O inferno é um resort -

- Mona Lisa estremeceu -

Cuscuz feito na China -

- Com fiambre vegano...


O domingo é um sábado

Que entendeu a piada...

Tragédia Moderna Com Requintes de Antiga

  Nada mais que o metal E parasitas suicidas Em plena ópera sem som... Vamos pular pelos galhos Em toda inércia movimentada De um disco mais...