Precisamos de ventos mais leves
Para esses céus tão cinzas...
Quem possa repartir o nosso pão
Em tempos de tanto certeiro choro...
Da maior ternura que possível
Antes que todos prédios desabem...
Sobreviver não é só vencer a corrida...
Esperamos dias mais claros
Sem tantos compromissos infelizes...
Rios que não parem nunca mais
Indo para mares tão bonitos...
Alguns poemas mais verdadeiros
Mas que dispensem nosso luto...
Sobreviver não é matar nem morrer...
Esperamos toda uma sinceridade
Que nos mostre o verdadeiro caminho...
Queremos que hajam menos soldados
E mais quem proteja o planeta...
Dispensamos tantos tecnocratas
E gostaríamos de mais doces poetas...
Sobreviver não é superar a morte que chegará...
Gostaríamos de dividir todas as praças
Com os meninos do mundo para brincarmos...
Fazer uma ciranda mais que mágica
Para nelas contarmos histórias bonitas...
Pintarmos nosso rosto com cores de fantasias
E jogarmos fora as máscaras da maldade...
Sobreviver não é subtrair e sim somar...
Precisamos acordar um pouco mais tarde
Sorrir toda vez que a oportunidade chega...
Descobriremos alguns velhos segredos
Como o primeiro amor que já chegou...
Tomaremos aquele nosso último trago
Como quem faz um brinde mais eterno...
Sobreviver não é querer a queda alheia...
Precisamos de ventos mais suaves
Para essas nuvens tão cinzas...
Quem possa repartir o nosso pão
Em tempos de tanta certeira fome...
Da maior ternura que possível
Antes que esses malvados cheguem...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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