quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Sobre Vivência

       

Precisamos de ventos mais leves

Para esses céus tão cinzas...

Quem possa repartir o nosso pão

Em tempos de tanto certeiro choro...

Da maior ternura que possível

Antes que todos prédios desabem...


Sobreviver não é só vencer a corrida...


Esperamos dias mais claros

Sem tantos compromissos infelizes...

Rios que não parem nunca mais

Indo para mares tão bonitos...

Alguns poemas mais verdadeiros

Mas que dispensem nosso luto...


Sobreviver não é matar nem morrer...


Esperamos toda uma sinceridade

Que nos mostre o verdadeiro caminho...

Queremos que hajam menos soldados

E mais quem proteja o planeta...

Dispensamos tantos tecnocratas

E gostaríamos de mais doces poetas...


Sobreviver não é superar a morte que chegará...


Gostaríamos de dividir todas as praças

Com os meninos do mundo para brincarmos...

Fazer uma ciranda mais que mágica

Para nelas contarmos histórias bonitas...

Pintarmos nosso rosto com cores de fantasias

E jogarmos fora as máscaras da maldade...


Sobreviver não é subtrair e sim somar...


Precisamos acordar um pouco mais tarde

Sorrir toda vez que a oportunidade chega...

Descobriremos alguns velhos segredos

Como o primeiro amor que já chegou...

Tomaremos aquele nosso último trago

Como quem faz um brinde mais eterno...


Sobreviver não é querer a queda alheia...


Precisamos de ventos mais suaves

Para essas nuvens tão cinzas...

Quem possa repartir o nosso pão

Em tempos de tanta certeira fome...

Da maior ternura que possível

Antes que esses malvados cheguem...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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