Eu falo de alegria, mas preferem o medo
Eu quero demais a paz, preferem a covardia
Isso acabará em que dia?
Eu prefiro o pão, eles fabricam a fome
Eu quero carinho, eles preferem o nome
Eu quero acender vela, eles querem dinamite
Quando isso terá limite?
Eu quero a vida, mas eles querem matar
Eu dou os meus versos, eles cobram até o ar
Eu derrubo muros, eles idolatram bandeiras
Até quando vão essas besteiras?
Eu tiro a poeira, mas eles cospem no chão
Eu falo em amor, mas eles matam o coração
Eu planto uma flor, eles matam o passarinho
Por que tudo é tão mesquinho?
Eu vivo enquanto posso, gostam de matar a vida
Eu dou a ternura, eles tiram até nossa comida
Eu não sou bom, mas eles preferem a maldade
Quando irá desabar essa cidade???
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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