Os mortos usam espelhos?
Eu acho que não...
Nem pra frente ou pra trás
Sem menos e sem mais
Nada mais consola
Nem prenda nem esmola...
Os mortos têm necessidades?
Eu acho que não...
Não há fome e nem há sede
É chão caixão ou rede
A roupa que nós temos
Nem recusamos ou escolhemos...
Os mortos usam rede social?
Eu acho que não...
Sem esmero e sem capricho
Se era gente ou bicho
Chegou o fim da jornada
Ou foi tudo ou foi nada...
Os mortos querem ter likes?
Eu acho que não...
Nem dia quente nem dia frio
Nem está cheio ou vazio
Ninguém mais lhe ama
Nem acena nem lhe chama...
Os mortos vão na liquidação?
Eu acho que não...
Nem vulgaridade e nem poesia
Seja noite ou seja dia
Não adianta mais perguntar
Se responde ou vai calar...
Os mortos usam espelhos?
Eu acho que não...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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