Enrolou-se com as palavras depois da última cana
Esqueceu-se de todas as regras gramaticais
O álcool corre no seu labirinto de tantas veias
Bombeado pela velha máquina de muitos sustos
Foi ao cérebro pedaço de uma triste massa
E um carrossel começou a acontecer novamente
Não estava na vertical e nem na horizontal
Parecia com uma dança de São Guido moderna
O que dançamos? Por que dançamos? Quando?
Cairemos no chão para não poder levantar mais
Diremos que foi apenas parte da coreografia
Mas esse improviso nunca foi e nunca vai ser
Escolhemos as palavras mais sutis possíveis
Para que a tocaia do inimigo não nos pegue
Mas esquecemos que todo tiro pode ser certeiro
E ficaremos deitado sobre o asfalto para fotos
Abraçou-se ao brinquedo para poder se refugiar
De um inimigo que não conseguia nem mesmo ver
Mesmo que ele gritasse ou não gritasse também
Ternura e inocência são dois abrigos seguros
Acendeu seu inimigo mais letal e amistoso
Pensando que a fumaça também era uma nuvem
Eu já não sei mais aquilo que eu quero ou não
Só sei que cada dia não precisa nem de assassino...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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