terça-feira, 5 de novembro de 2024

Quaestio III

Todos os pássaros deste rei estão soltos?

Nossa fúria acabou virando velocidade?

O desespero dela se tornou um vício sem fim?


Passeios perigosos na selva de Madureira...


O subúrbio traz mistérios insondáveis?

As ventarolas foram parar lá em Marte?

Batalhões de coxinhas são kamikazes agora?


Os loucos passeiam com meias de seda...


A intolerância religiosa não tolera limites?

É limão com sal para todas feridas abertas?

O trono do rei é feito com caixotes de feira?


No alto dos prédios agora sinais de fumaça...


Beatriz mandava rajadas de metralhadora?

Agora estão servindo sol em caixinha no lanche?

Tenho que me drogar para ficar mais sóbrio?


Eu acabo sendo quase rei na encruzilhada...


Poderei ganhar uma punhalada no crânio?

O tico-tico agora está com alergia de fubá?

Vamos ao festival gastronômico de insetos?


Folhas de papel pardo para mapas de guerra...


Os cocares agora são feitos de fibra sintética?

Nossa infelicidade só depende de redes sociais?

Na América já estão jantando os americanos?


Os pitbulls se apresentam no show de talentos...


Na próxima guerra iremos usar só tacapes?

Em um março distante não haverá mais feira?

A ninfomania agora estará sendo oficializada?


Dom Quixote dias desses esqueceu de merendar...


A pornografia agora virá na nova embalagem?

Eu tenho que observar todas as instruções de uso?

Vamos passar nossas férias no mais lindo bunker?


Os bigodes do seu Januário viraram poeira...


A menina de família foi drogada assistir a aula?

Coçar as virilhas agora é um ato de coragem?

Posso comer os pães que sobraram de ontem?


Jovens de trinta anos ainda usam suas fraldas...


No interior do interior existe algum exterior?

Óleo de peroba é bom para preservar os dentes?

Minhas escaras poderão esconder minhas taras?


Usemos velas amarelas para dias mais azuis...


A casa das máquinas está em greve hoje?

Maurício e Maurílio ainda brincam por aí?

Eu posso apertar o botão e acender a luz?


Faz tempo que não faz tempo e tudo se acabou...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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