sábado, 2 de novembro de 2024

Dia 2 de Novembro

Quantos já passaram...

E eu pequeno não entendia

Por que vó naquela caixa grande

Em cima da mesa no salão

Com aquelas velas acesas

E aquele cheiro enjoativo de flores...


E depois daquilo...

Tantos e tantos e tantos mais

Que o sorriso sumiu de repente

E eu não podia nem mais vê-los

E quando perguntava por eles

Me disseram que foram pra outro lugar...


Era uma tal de Morte...

A irmã que nunca se deu com a Vida

Que nada fazia e fazia tudo ao mesmo tempo

Que todos diziam que após dela havia mais

Mas que nunca sei o que é até hoje

E ainda dá medo e muito medo mesmo...


Mas o mesmo tempo acontece...

De achar que já morri muitas vezes

Como um pobre cão deitado no meio da rua

Esperando o carro do lixo chegar

Enquanto as moscas pousam por cima

Nessa cidade que é cheia de túmulos...


Hoje os cemitérios devem estar cheios...

Alguns vão pedir perdão pelo que fizeram

Outros lembrarão do que já esqueceram

Outros ainda ganhar os seus trocados

Porque os mortos não comem mais nada

Mas os vivos ainda precisam comer...


Quantos já passaram...

E eu pequeno não entendia

Por que vó naquela caixa grande

Em cima da mesa no salão

Com aquelas velas acesas

E aquele cheiro enjoativo de flores

E não entendo até hoje ainda...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...