terça-feira, 12 de novembro de 2024

Private Cemetery

Cemitério meu

Cemitério solitário

Cemitério de uma cova só...


A cova em que jazem tristezas

(Muitas)...

A cova em que jazem alegrias

(Algumas)...

Onde está uma sucessão

(De planos bons que falharam)...

Onde apodrecem amores

(Frutos verdes caídos no chão)...

Versos nunca lidos antes

(E nunca mais depois também)...

Serenidade apenas aparente

(Vermes que o digam)...

O tempo não mais manda

(Será que um dia mandou?)...


Cemitério meu

Cemitério solitário

Cemitério de várias covas...

O que importa?...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Maracuchinco Nikko

Lua de mel

Lua de fel

Lua de bel

Lua de hell


Cavaleiros de trança baiana

Violeiros da tribo moicana

Aventureiros de Copacabana

Traficantes de pizza sergipana


Cavalo de pau

Cavalo de sal

Cavalo de grau

Cavalo de tal


Profetas de biscoitos de polvilho

Corvos que são alérgicos a milho

O pai que se comporta como filho

O trem que tem medo do trilho


Lente de aumento

Lente de assento

Lente de atento

Lente de alento


Caiu de boca em pleno asfalto

Foi fazer merda lá no Planalto

Dançou de alegria no assalto

Nadou na piscina só de salto


Papa léguas

Papa éguas

Papa tréguas

Papa réguas


Dançou xaxado na Quinta Avenida

Foi colecionador de casca de ferida

Postou na net foto de privada entupida

Fez tratamento pra espinhela caída


Rei do rango

Rei do tango

Rei do frango

Rei do bango


O violão não é o aumento da viola

A escola da vida nunca foi escola

Agora um mata e o outro esfola

E coelho tira o mágico da cartola


Pé de banco

Pé de branco

Pé de tranco

Pé de manco


Vamos tomar uma lá no Cospe-Grosso

Se achar um despacho garantiu o almoço

O cachorro foi mordido por um osso

Nossa maior alegria tá no fundo do poço


Anão de jardim

Anão de jasmim

Anão de pasquim

Anão de pudim


O pato é malandro que nem ele só

A vida é mais complicada que um nó

A mãe da minha mãe era minha avó

O rápido lanche noturno de mocotó


Lua de mel

Lua de fel

Lua de bel

Lua de hell


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 9 de novembro de 2024

Quaestio V

Os mortos usam espelhos?

Eu acho que não...


Nem pra frente ou pra trás 

Sem menos e sem mais

Nada mais consola

Nem prenda nem esmola...


Os mortos têm necessidades?

Eu acho que não...


Não há fome e nem há sede

É chão caixão ou rede

A roupa que nós temos

Nem recusamos ou escolhemos...


Os mortos usam rede social?

Eu acho que não...


Sem esmero e sem capricho

Se era gente ou bicho

Chegou o fim da jornada

Ou foi tudo ou foi nada...


Os mortos querem ter likes?

Eu acho que não...


Nem dia quente nem dia frio

Nem está cheio ou vazio

Ninguém mais lhe ama

Nem acena nem lhe chama...


Os mortos vão na liquidação?

Eu acho que não...


Nem vulgaridade e nem poesia

Seja noite ou seja dia

Não adianta mais perguntar

Se responde ou vai calar...


Os mortos usam espelhos?

Eu acho que não...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Quaestio IV

Eu aponto o dedo, mas eles olham o dedo

Eu falo de alegria, mas preferem o medo

Eu quero demais a paz, preferem a covardia

Isso acabará em que dia?


Eu prefiro o pão, eles fabricam a fome

Eu quero carinho, eles preferem o nome

Eu quero acender vela, eles querem dinamite

Quando isso terá limite?


Eu quero a vida, mas eles querem matar

Eu dou os meus versos, eles cobram até o ar

Eu derrubo muros, eles idolatram bandeiras

Até quando vão essas besteiras?


Eu tiro a poeira, mas eles cospem no chão

Eu falo em amor, mas eles matam o coração

Eu planto uma flor, eles matam o passarinho

Por que tudo é tão mesquinho?


Eu vivo enquanto posso, gostam de matar a vida

Eu dou a ternura, eles tiram até nossa comida

Eu não sou bom, mas eles preferem a maldade

Quando irá desabar essa cidade???


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Eletronic's Show


To be or not to be!

Duas pernas para o Saci!


Num dia de lua sem lua

Eu te vi vestida e nua

Eu me vi camaleão

Já nasci com extrema-unção!


To be or not to be!

Para o jantar temos haraquiri!


Naquela água tão alcóolica

Eu voei na parabólica

Me valei meu Sãjoão

Prefiro bunda que coração!


To be or not to be!

Já é hora de fazer xixi!


Naquela hora mais safada

Enchi a barriga de nada

Sambei em cima da cova

Nessa velharia tão nova!


To be or not to be!

Me droguei com um caqui!


Naquele ferreiro só plástico

Tão comum e tão fantástico

Nessa rua tem maniçoba

Cuidado com o seu toba!


To be or note to be!

Só subi quando eu caí!


Naquele pé sem o sapato

Vai todo mundo cagar no mato

Enfia logo o dedo na tomada

Que vai ser uma bela caçoada!


To be or not to be!

Tem Marlene sem Lili!


Naquele fim sem ter semana

Que eu roguei uma praga bacana

Eu sonhei com merda nenhuma

Transformei a pedra em pluma!


To be or not to be!

Não tá nem aqui e nem ali!


Num dia de rua sem rua

Eu te vi tão minha e sua

Eu me vi camaleão

Já nasci sem o coração!


To be or not to be!

Por esse meu tombo - merci!


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 316

Um pedaço de poesia

Feito um pedaço de pão

O pão para a boca

A poesia para o coração

Um rima inexata

Não faço muita questão

Desde que voe ao céu

Não chore aqui no chão...


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Meu coração de quintal

Não precisa de mundo grande

Para ser o que é...

Precisa de flores pequenas

Que surjam do nada do chão...

Precisa de passarinhos vindo

Para cantar qualquer coisa...

Precisa de bichos pequenos

Que nem eu mesmo sou...

Meu coração de quintal

Não precisa ser um outro mundo

Pois já é o mundo todo...


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E a mão dela era o suficiente

Suficiente para um carinho 

De mil choques elétricos...

Era o que eu queria sempre

Para os dias mais frios

Que a alma pudesse suportar...

Era suficiente para conseguir

Ser mais rico de todos os homens

E comprar até as estrelas do céu...

Mas foi a que me soltou

E deixou me afogar sem mais nada

Nesse mar noturno que estou...


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Os números morrem

Os segundos - correm

A areia escapa entre os dedos

Toda coragem é feita de medos

As fantasias sempre acontecem

Até dias mais claros - escurecem...


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Não me façam muitas perguntas

Por favor, apenas olhem...

Olhem o tamanho da estrada

E compreendam meu cansaço...

Olhem a amplitude da queda

E entendam a minha ferida...

Não lamentem comigo

Por favor, apenas olhem...


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Quando as luzes se apagam

E meus olhos fecham

Ainda assim posso ver teus olhos

Brilhando qual duas estrelas

No ponto mais longínquo que há

Talvez uma casa aqui perto

Nem se importando comigo...


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Se um dia fui feliz, não sei

A felicidade é quase invisível, sabe?

Se um dia fui feliz, desconheço

Ela é tão suave, não sentimos seu toque...

Se um dia fui feliz, ignoro

O amor é um veneno mortal, nem reparamos...

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Sobre Vivência

       

Precisamos de ventos mais leves

Para esses céus tão cinzas...

Quem possa repartir o nosso pão

Em tempos de tanto certeiro choro...

Da maior ternura que possível

Antes que todos prédios desabem...


Sobreviver não é só vencer a corrida...


Esperamos dias mais claros

Sem tantos compromissos infelizes...

Rios que não parem nunca mais

Indo para mares tão bonitos...

Alguns poemas mais verdadeiros

Mas que dispensem nosso luto...


Sobreviver não é matar nem morrer...


Esperamos toda uma sinceridade

Que nos mostre o verdadeiro caminho...

Queremos que hajam menos soldados

E mais quem proteja o planeta...

Dispensamos tantos tecnocratas

E gostaríamos de mais doces poetas...


Sobreviver não é superar a morte que chegará...


Gostaríamos de dividir todas as praças

Com os meninos do mundo para brincarmos...

Fazer uma ciranda mais que mágica

Para nelas contarmos histórias bonitas...

Pintarmos nosso rosto com cores de fantasias

E jogarmos fora as máscaras da maldade...


Sobreviver não é subtrair e sim somar...


Precisamos acordar um pouco mais tarde

Sorrir toda vez que a oportunidade chega...

Descobriremos alguns velhos segredos

Como o primeiro amor que já chegou...

Tomaremos aquele nosso último trago

Como quem faz um brinde mais eterno...


Sobreviver não é querer a queda alheia...


Precisamos de ventos mais suaves

Para essas nuvens tão cinzas...

Quem possa repartir o nosso pão

Em tempos de tanta certeira fome...

Da maior ternura que possível

Antes que esses malvados cheguem...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Quaestio III

Todos os pássaros deste rei estão soltos?

Nossa fúria acabou virando velocidade?

O desespero dela se tornou um vício sem fim?


Passeios perigosos na selva de Madureira...


O subúrbio traz mistérios insondáveis?

As ventarolas foram parar lá em Marte?

Batalhões de coxinhas são kamikazes agora?


Os loucos passeiam com meias de seda...


A intolerância religiosa não tolera limites?

É limão com sal para todas feridas abertas?

O trono do rei é feito com caixotes de feira?


No alto dos prédios agora sinais de fumaça...


Beatriz mandava rajadas de metralhadora?

Agora estão servindo sol em caixinha no lanche?

Tenho que me drogar para ficar mais sóbrio?


Eu acabo sendo quase rei na encruzilhada...


Poderei ganhar uma punhalada no crânio?

O tico-tico agora está com alergia de fubá?

Vamos ao festival gastronômico de insetos?


Folhas de papel pardo para mapas de guerra...


Os cocares agora são feitos de fibra sintética?

Nossa infelicidade só depende de redes sociais?

Na América já estão jantando os americanos?


Os pitbulls se apresentam no show de talentos...


Na próxima guerra iremos usar só tacapes?

Em um março distante não haverá mais feira?

A ninfomania agora estará sendo oficializada?


Dom Quixote dias desses esqueceu de merendar...


A pornografia agora virá na nova embalagem?

Eu tenho que observar todas as instruções de uso?

Vamos passar nossas férias no mais lindo bunker?


Os bigodes do seu Januário viraram poeira...


A menina de família foi drogada assistir a aula?

Coçar as virilhas agora é um ato de coragem?

Posso comer os pães que sobraram de ontem?


Jovens de trinta anos ainda usam suas fraldas...


No interior do interior existe algum exterior?

Óleo de peroba é bom para preservar os dentes?

Minhas escaras poderão esconder minhas taras?


Usemos velas amarelas para dias mais azuis...


A casa das máquinas está em greve hoje?

Maurício e Maurílio ainda brincam por aí?

Eu posso apertar o botão e acender a luz?


Faz tempo que não faz tempo e tudo se acabou...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Quaestio II

Bem ou mal?

Certo ou errado?

Noite ou dia?


Sem um paraíso existente

Simples condição humana

Acabou a corda da caixinha de música...


Alto ou baixo?

Luz ou sombra?

Casa ou rua?


Brincadeira de estátua

Animes quase mal feitos

A descoberta daquele doce mais amargo...


Feio ou bonito?

Inocente ou malicioso?

Lento ou rápido?


O plano que já falhou

A dúvida pela eternidade

O riso demente ecoou pelo labirinto...


Tudo ou nada?

Próximo ou longe?

Salvo ou condenado?


Eu apertei o gatilho

Manchei a parede branca

Quase dei um pulo do teto ao chão...


Miserável ou rico?

Salvo ou danado?

Mesquinho ou pródigo?


O famoso anônimo

A nudez bem vestida

A vida é uma peça tão mal ensaiada...


Colorido ou invisível?

Unido ou disperso?

Herói ou vilão?


Devo questionar ou silenciar

Desisto de meus sonhos

Faço de conta que não há medo...


 Bem ou mal?

Certo ou errado?

Noite ou dia?


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 3 de novembro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 315

Não estão mais aqui. Nenhum deles. Já sorriram e já choraram tudo o que puderam. Andaram por todos os caminhos possíveis. Amaram ou não. Foram com a idade que o destino lhes permitiu. Todos agora são lembranças ou nem isso. O papel agora os guarda, ou ainda, a internet em algum canto qualquer. Apenas imaginamos aonde estão. Um dia seremos nós. Mas, por enquanto quem os vê que compartilhe com os sorrisos, sobretudo das crianças, numa velha e bonita foto...


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Um caco poético

nem assim tão ético

Apenas calado

certo e errado

É apenas a vida

Mal percorrida

Estrada má

onde vai dar?

Um caco poético

ou um caos?


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Eu tenho medo de certas palavras, algumas delas. Muitas delas ferem mais do que espinhos. São certeiras com suas incertezas feito mísseis, mísseis que detonam e acabam tirando nosso ar. São palavras malvadas, mais aziagas do que pragas, mais malvadas do que maldições. Não adianta fugir delas, elas nos encontram, com seu faro mais do que certeiro, como cães farejadores...


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Caótica essa minha mente

Beirando o caos

Como quem colhe rosas

Para a amada

Em pleno front

Tristes esses meus olhos

Quase cegueira

Que fechei para não ver

Mais esta escuridão...


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Sinto falta de certas cenas que não registrei. Certas cenas que só o arquivo do coração consegue. Que a mente não colabora mais, pobre mente, já fez o que podia. A gaveta dos fatos anda mais do que cheia, mas ninguém, na verdade, tem culpa alguma. A fila dos dias anda pelo calendário, procissão pelas ruas da cidade, rio que mesmo cansado continua. Queira eu achar a chave desta gaveta...


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Versos pobres que nem o poeta

Uma cena insípida e incolor

Versos teimosos que nem o poeta

De andar por estes labirintos

Versos rudes que nem o poeta

Brincando em camas de pregos...


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Teimosia. Socos em pedras. Minha testa nas paredes. Labirintos evidentes em redes sociais. Roer os ossos e jogar a carne fora. Dar bom dia aos postes. Ser aquilo que não é. Chorar calado e sem lágrimas. Flertar com o impossível. Tentar segurar nuvens com os pés. Inovar com antiguidades. Amar em números imprecisos. Questionar todas as regras. Ser o herói do nada. Esquecer as asas e pular. Quem trouxe os fósforos?

sábado, 2 de novembro de 2024

Dia 2 de Novembro

Quantos já passaram...

E eu pequeno não entendia

Por que vó naquela caixa grande

Em cima da mesa no salão

Com aquelas velas acesas

E aquele cheiro enjoativo de flores...


E depois daquilo...

Tantos e tantos e tantos mais

Que o sorriso sumiu de repente

E eu não podia nem mais vê-los

E quando perguntava por eles

Me disseram que foram pra outro lugar...


Era uma tal de Morte...

A irmã que nunca se deu com a Vida

Que nada fazia e fazia tudo ao mesmo tempo

Que todos diziam que após dela havia mais

Mas que nunca sei o que é até hoje

E ainda dá medo e muito medo mesmo...


Mas o mesmo tempo acontece...

De achar que já morri muitas vezes

Como um pobre cão deitado no meio da rua

Esperando o carro do lixo chegar

Enquanto as moscas pousam por cima

Nessa cidade que é cheia de túmulos...


Hoje os cemitérios devem estar cheios...

Alguns vão pedir perdão pelo que fizeram

Outros lembrarão do que já esqueceram

Outros ainda ganhar os seus trocados

Porque os mortos não comem mais nada

Mas os vivos ainda precisam comer...


Quantos já passaram...

E eu pequeno não entendia

Por que vó naquela caixa grande

Em cima da mesa no salão

Com aquelas velas acesas

E aquele cheiro enjoativo de flores

E não entendo até hoje ainda...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Não Estarei Só

Não estarei mais só

Se nesta minha solidão

O amor que tenho

Vier me acompanhar.


Não terei mais medo

Se meus olhos brilharem

No meio desta escuridão.


Não estarei mais calado

Se meu canto servir

Para libertar meus irmãos

De todas as correntes.


Não caminharei no chão

Se minhas asas me levarem

Por todos estes meus céus.


A mentira não me atingirá

Mesmo com sua mira certeira

Que a verdade possa doer

Mas que então me salve.


Eu ainda não envelheci

Continuo o mesmo menino

Que sempre fui e serei.


Não estarei mais só

Se nesta minha solidão

O amor que tenho

Vier me acompanhar...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

Carliniana LXII (Secos)

O riso seco.

O olhar seco.

O coco seco.


Histórias para não serem mais contadas.

Gavetas para permanecerem fechadas.

Nuvens no céu que estão muito pesadas.


Tosse seca.

Garganta seca.

Fruta seca.


Tempestade feitas para barquinhos de papel.

Vidros disfarçados em diamantes baratos.

Medos diários com ineditismos forçados.


Corpo seco.

Copo seco.

Sangue seco.


A Dança de São Guido sendo desfile na avenida.

Um brinde à nova guerra que já foi declarada.

Um cardume de sardinhas que nada em lata.


Mangue seco.

Flor seca.

Humor seco.


Na carteira do pobre não tem uma moeda.

O remédio prescrito quase matou o  paciente.

Dormiremos na fila do SUS até amanhã.


Desodorante seco.

Pele seca.

Farinha seca.


O marinheiro agora tem medo de água.

Nas ruínas da minha cidade brotaram flores.

Estamos sorrindo mostrando os cacos de dentes.


Pólvora seca.

Cabelos secos.

Ossos secos...

 

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