domingo, 30 de novembro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 362 *

Meu destino? 

Alegre e triste como todos os outros

Em todos os lugares e em todos os tempos

De todos os modos e todos os jeitos

Até onde puder chegar e onde der 

Minha vida?

Até que a morte venha substitui-la...


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É que todo segredo é assim:

Foi feito para ser revelado

Existe para ser descoberto

Sua máscara vítrea sempre cai

 A curiosidade reina em todos

E afinal, o que é isto?...


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A tarde caiu no chão...

O sol foi dar seu passeio...

De azul para o cinza

E de cinza para o negro

Alguns instantes...

Acordem postes...

Vamos trabalhar pirilampos!


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Os rios não cansam...

Os ventos possuem estranha mania

De não parar sua dança...

Os lagos possuem extrema preguiça...

As nuvens só querem brincar...

E as veias gostam de imitar os rios...


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Minha memória anda fraca...

Está cheia de muitas reticências...

Esqueci de apagar o sol

E mesmo quando é noite

Fica aceso dentro de mim...

Esqueci de esfriar o calor

E continua sendo verão

Mesmo em dias tão frios...

Minha memória anda fraca...

Era mesmo pra deixar de te amar?...


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Aonde flores

Existirão amores,

Aonde sejas

É o que desejas,

Aonde dói

É o que constrói,

Aonde aonde

É o que esconde...


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O tempo não acabou

Mas os segundos sempre têm pressa...

Como águas... Águas...

Num grande rio para o mar...

Os relógios mergulham

Em águas profundas ou não...

Nada mais o poeta quer...

Do que alguns versos mais simples...

Laetitia Morbida

Sobrou uma moeda

De troco pelo que não paguei

Sorri no canto da boca

Daquilo que não achei graça...


Esperei pelo barco

Que talvez nunca retornasse

Depois da tempestade

Que acontece diariamente...


Comemorei o título

Do time que eu não torço

E fiz um carnaval

No dia dois de novembro...


Dormi no temporal

Durante a noite inteira

Mas não acordei 

Para me ver eu indo...


Me fiz escravo

Destes ideais copiados

E fiquei ferido

Por todos meus espinhos...


Acabei corrompido

Tal qual um político

Não sei a medida

Dos meus desperdícios...


O carrossel parou

No meio da brincadeira

E eu não sabia mais

Para onde iria então fugir...


Tudo é tão mórbido

Mesmo se não foi antes

E até a nossa alegria

Pode ser enfim desse jeito...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 29 de novembro de 2025

Nem Divina, Nem Humana, Nem Comédia

Nem passarão, nem passará...


Ando com a cabeça baixa

Por estas ruas quase vazias

Como quem vai ao próprio funeral

Sem muita pressa de chegar lá...

Onde estão os velhos brinquedos?

Foram substituídos por vãs miragens

E agora não há mais como reclamar

Porque o tempo nos engoliu...


Nem cantarão, nem cantará...


Respiro quase sufocado

As verdades mais empoeiradas

Assim como em velhas relíquias

Prontas para serem jogadas fora...

Para que serve alguma coisa?

Serve apenas para se fazer obsoleto

E ir ficar em velhas gavetas

Ou ainda em mórbidas prateleiras...


Nem dançarão, nem dançará...


Festejo não sei o quê

Até um tempo que não sei quando

Pelo motivo de apenas viver

Como qualquer um pode e faz...

Quem é o alvo e qual é o tiro?

A última moda é agora absurdo

Todo choro se faz bem vindo

Desde que não divina e nem humana

Porque nunca existiu comédia...


Nem voarão, nem voará...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Um Poema de Janela Aberta

Janela aberta...

Manhã desperta...


Sinal evidente que o dia principia,

Temperatura alta ou ainda bem fria,

Cabeça com sonhos e a alma vazia...


Janela aberta...

Rua deserta...


No céu canta esse solitário bem-te-vi,

Falando de coisas que eu nunca nem vi,

Que qualquer hora dessas terei de partir...


Janela aberta...

Hora incerta...


Os primeiros barulhos vão então surgindo,

Bocas escancaradas de fábricas vão rugindo,

Sonhos de todos os homens vão então sumindo...


Janela aberta...

Alma alerta...


(Extraído da obra "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 361 *

É uma valsa, um tango, um samba-canção,

Qualquer uma música qualquer,

Só, por favor, não parem...

Viver é dançar, mesmo se estando só,

Aqui no chão ou nas nuvens, tanto faz...


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Sentir teus cabelos é algo místico,

Sinto como o mago junto da fogueira,

Numa noite bem escura de ritual...

Beijar tua boca é algo trágico,

Eu perderei a noção de qualquer tempo,

Beijarei até o final de todos os tempos...


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Não há montanha mais alta que a minha tristeza,

Todavia, não há abismo mais profundo que a alegria...

Mesmo o palhaço chorando faz os outros rirem,

Mesmo que caia o pássaro tentará ir nas nuvens,

Mesmo que a lembrança fuja eu tento agarrá-la,

Mesmo que o coração pare meu sangue continua...


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Ela não deixou rastro nenhum na areia

(Deveria estar flutuando e eu nem notei)

Ela não deixou nenhuma prova do crime

(Esse crime de matar-me indo embora)

Ela não deixou nenhum ferimento em mim

(Cantou com total silêncio de seus olhos)

Ela não deixou sinal algum de coisa alguma

(Mas como bicho consigo seguir seu perfume)...


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Acabou de passar um carro de som

Aqui bem na minha rua,

Aquela voz satisfeita mesmo com nada.

Nunca se sabe quem vai comprar...

Será que ele aceita o trabalho

De ir bem na tua porta aos gritos

Pra te acordar e dizer que te amo?


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Nunca se sabe o que se quer

(Na verdade, nunca saberemos,

Dona Cecília tinha toda razão...)

Toda cor tem sua hora certeira

Atinge nossa retina e acabou...

Não saberemos aonde iremos -

Para o céu onde estaremos sós?

Ou para o inferno de quem amamos?...


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Eis que o vento que cessou está voltando

As velhas histórias continuam contadas

Os versos que perdi ontem achei no chão

Havia uma brasa acesa e a fogueira acendeu

A palavra dada será de uma vez cumprida

E os meus olhos vão brilhar de felicidade...

O Porco e O Sapato

Solo de cadeiras em papel de acrílico delirante

Explicações plausíveis em idioma algum 

Eu me pintei de azul para parecer com um nada

E preencho meu alguidar com bruxedos mil

O porco usa sapato ou o sapato é feito dele?


Estonteante musa bem mais vulgar de todos

Que balanceou as cadeiras e as mesas também

Eu mereci uma medalha por minhas más ações

Enquanto degustava biscoitos de polvilhos vis...


Posso tossir no mais completo dos silêncios

Como se a múmia do faraó sorrisse em desdém

Ele ainda continua um apreciador de coxinhas

O porco tem sapato ou o sapato tem ele?


Escolher um nome para figuras mais antigas

É como incinerar aquele seu sinal de trânsito

Que impede que nuvens passeiem pelos céus

Com a vermelhidão de carnes mais que brancas...


Ele merece um bom soco de arrancar os dentes

Simplesmente por tão simples mais que assim

Enquanto mostrarei aquele meu dedo do meio

O porco calça sapato ou é calçado por ele?


Quem manda para a puta-que-pariu que vá junto

Daremos um punhado de nozes aos desdentados

A tarefa mais difícil do mundo é ser o debochado

Enquanto roemos com insistência os nossos ossos...


Sorvete de baunilha para os soldados armados

Pilhagem diretamente ao vivo no jornal da tarde

Faça chuva ou não faça existe sempre nosso sol

Eu quero ir pra lugar nenhum mas estou sem grana

O porco usa sapato ou o sapato é feito dele?...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Carliniana CXXII ( O Chão Nosso de Cada Dia )

Meu copo cheio, quase transbordando

Só sei onde ando, mas não sei até quando...


Meu chão é seco, minha boca também,

Lamento o mal, mas lamento o bem,

A fera vem e não adianta mais correr,

Tudo aquilo que vive, vai um dia morrer...


Uma dor no peito, quase uma mágoa

Dessa que enchem os olhos com água...


Esse chão é pedra, caco de vidro, espinho,

Me deixe por aqui, vou pra lá sozinho...

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Carliniana CXXI ( O Vão Nosso de Cada Dia )

Não pense

Dispense...


Nem todas as flores florescem no jardim

Absurdos e mentiras pra você e pra mim

No fim do túnel estava todo tão escuro

E não havia mais nada além deste muro...


Não cante

Encante...


No nosso peito só cabe muita esperança

E na nossa mente só existe vaga lembrança

De um tempo que havia uma só primavera

Porque não havia chegado esta nossa fera...


Não grite

Limite...


Saí pela madrugada mas eu queria era o dia

Fiz cara séria mas o que queria era fantasia

E uma pintura em tons que já se esmaeceram

Enquanto todos os medos ainda permaneceram...


Não desespere

Espere...


Não posso assim me perguntar talvez mais nada

Todo o meu medo é como cair do alto da escada

Mesmo que não vejamos é assim que acontece 

A alma sofre e o nosso corpo junto também padece...


Não se iluda

Se cuida... 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Carliniana CXX ( O Não Nosso de Cada Dia )

Um piano tocando sozinho uma música silenciosa

Quase uma orquestra sozinha em praça pública...


É o louco gritando!

Cuidado para que não rompa correntes!

É o pássaro se debatendo!

Uma hora ele acaba fugindo da gaiola!

É o palhaço chorando!

Qualquer momento acaba saindo a pintura!


Um cego pedindo esmolas num canto de uma praça

Eu insisto em carnavais porque todos morrem...


É o amor sendo impossível!

Eu vou cair no chão mas assim mesmo me levanto!

É a paixão sendo dominada!

Vamos segurá-la pelos cabelos e não largá-la mais!

É a quimera sendo afugentada!

Nunca mais queremos ver sua cara enquanto vivos!


Qualquer paixão impossível pode então acontecer

Desde que haja alguma loucura suficiente para isso...


Eis o nosso grito de guerra!

Até quando a pomba da paz venha pousar sobre nós!

Cada dia é sempre mais um!

Mesmo se erramos na conta ou não tivermos mais dedos!

Existem muito mais nãos do que existem sins!

Mas é o que temos por agora e quase sempre teremos!...

domingo, 23 de novembro de 2025

Carliniana CXIX ( O Destino das Coisas )

Frases caprichadas escritas no banheiro sujo

O cal por cima apagará toda a inspiração


Até aquilo que queremos o tempo acaba levando

Os ventos é que podem dar todas as cartas

Quando acaba o jogo o próximo será um outro

Os dias só nos conhecem quando morrendo


Um mosquito que foi esmagado numa parede

É uma obra de arte como outra qualquer


Tudo depende de quais serão os olhos enxergando

E mesmo assim continuará ainda esta dúvida 

Nada mais lindo do que uma rosa quando nasceu

E nada mais mórbido do que quando murchou


Nem todo excesso de sal pode ser tão salgado

Assim como certos doces são até amargos


Aquela paixão pode até nos acordar na madrugada

Enquanto o desejo pode ser nosso fiel aliado

Bem e mal são apenas os dois lados de um espelho

E o fogo que queima também é o que protege


Alguém deve ter falado que o destino é só brincadeira

Mas deve então ser uma brincadeira de mau-gosto...

sábado, 22 de novembro de 2025

Carliniana CXVIII ( Mistura Misturada Entre Palavras e Ideias )

Por que o giz não era usado até o último toco?

Eis-me aqui feito uma nuvem que vai girando

Sem parque nenhum e nem ao menos carrossel

Bando de borboletas em bando pelo raro ar

Milhares de quilômetros quase ao nível do mar


Acontece de ventar e vermos pernas que não queremos?

O carro do sorvete passou e não tinha alguma moeda

Perdi o ônibus porque olhei para o outro lado agora

O celular despertou e ainda assim o meu sono venceu

A ingratidão agora vem como um brinde da casa


O político corrupto merecia um infarto fulminante?

Eu digo que gosto do que não gosto mas eu gosto

Me arrependo de não ter dado nenhum beijo na boca

Porque aquele tesão era por demais inocente para

Levaria trinta segundos para engolir meio minuto


E se atrás da porta não existir mais coisa alguma?

Maldade e bondade acabam sempre se acabando

Coloque logo ali sua caixa dentro daquela caixa

No supermercado nunca houve nada que fosse super

Mas aquilo que não se pode comprar acaba virando


A mente somente se mente quando é só semente?

Vá ver se eu estou lá na esquina e venha me dizer

Espero notícias minhas já bem antes de ter nascido

E todo tempo de espera é uma caixinha de surpresas

Cuja a única surpresa é estar totalmente vazia


Posso beber um gole dessa sua cerveja agora?

Somente um gole que seja o copo todo inteiro

Para matar até aquelas mágoas que nunca tive

Eu não fui a mosca que caiu em sopa alguma

Muito menos na Coca-Cola que o menino bebeu...

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Poesia Gráfica LXLV *

GIZ  BALSÂMICO

TECIDO DE LAVA

BALAS DE COMA

AÇÚCAR  SALGADO

MEL DE COBRAS

LEITE EM PÓ GASOSO

ESTEIRA NUTRITIVA


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RESPEITEM MEUS CABELOS BRANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS FRANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS MANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS BANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS FLANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS BIANCOS


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TUTI TUTI  NO PURUTI?

AH! LEMBO BEMBO NO POREMBO...

A CASA CASA NA NASA ASA?

HUM... QUEKO LECO NO BOTECO...

PICO PICO NO BUTICO?

YÉ? TACO TACO NO BARRACO...


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NUM RESISTI. CAIU OS DENTE.

NUM INSISTI. SAI LÁ PARENTE.

NUM FOMENTEI. AITRÁS VEM GENTE.

NUM COMENTEI. TAIVA BEM DIFERENTE.

NUM TELO. NUM QUELO. NUM NUM...


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ENBOQUEIA A POESIA.

MASTIGUEIA A POESIA.

ENGOLEIA A POESIA.

ARROTEIA E POESIA.

DIGEREIA A POESIA.

PEIDEIA A POESIA.

CAGUEIA A POESIA.


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PEÇAS INDUSTRIALIZADAS

MÍDIA INDUSTRIALIZADA

FALA INDUSTRIALIZADA

RANGO INDUSTRIALIZADO

URINA INDUSTRIALIZADA

MERDA INDUSTRIALIZADA

PEIDO INDUSTRIALIZADO

VIDA INDUSTRIALIZADA

INDÚSTRIA INDUSTRIALIZADA


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DESENVOLVA UM PROJETO

DESENVOLVA UM CONCRETO

DESENVOLVA UM OBJETO

DESENVOLVA UM DECRETO

DESEVOLVA UM DISCRETO

DESENVOLVA UM ABJETO

DESENVOLVA UM DEJETO

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

A Verossimilhança das Coisas

Blusas que não dizem nada

Bicos que acabam dizendo tudo

No modernismo mais vintage de todos

Cada passo que foi dado

Poderia ser gasto com gestos simples

Como contar estrelas ou grãos de areia

Coxas que reclamam beijos

Transporte imediato de tanta saliva

Para os porões de certa inconsciência 

Idade Média que chegou

Meu computador fala de coisas

Que nem mesmo eu acabo entendendo

Cigarro aceso pelo olhar

Quem me dera poder sair por aí

Como qualquer pássaro vagabundo sai

Ou chutar algumas latas

Como as que não existem mais

Mas ainda são meio que folclóricas

Este calor quase invernal

Faz nossos esqueletos sambarem

Em cima de lajes que nunca existem

E um novo tango grego

Traz a frisson de montanhas de queijo

Que fumegavam em certas cidades do sul

Procuro o que não conheço

Como uma formiguinha num dique

Clamando por uma qualquer multidão

As escolas não me ensinaram

Como deve ser fácil apagar ventos

Num breve idioma que também desconheço

Faça logo essa bendita conta

E me dê qualquer um desses resultados

Melhor que mascar chicletes de sabor anis

Verbos fumegantes serão servidos

Por essas tardes com cara de manhãs

Em que a priori nada existe mais a priori

Data vênia essa minha modéstia

É grande como o pico do monte Everest

E bem mais confortável que qualquer sardinha

Há muitos peixes nestas águas

Que afinal não foram e nem nunca serão

Como certas televisões feitas de algum papelão

Vejamos qualquer cena de novela

Como quem faz as várias teias da aranha

E desfila em muitos labirintos quase obscuros

Os últimos afinal serão os primeiros

Sem que isso seja garantia mais garantida

Que tipo haja algum empate técnico... 


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Carliniana CXVII ( Estados Absolutos do Nada )

Nem todos os poemas são versos

Nem todas as notas são canção

As noites possuem seu mistério

E os dias são aquilo que são...


As perguntas serão respondidas?

Umas sim e outras não serão

As folhas nascem lá no alto

Mas todas elas vão cair no chão...


O sol queima o dia inteiro

As estrelas reinam na escuridão

Existe por aí tanta ternura

Mas também há a lei do Cão...


Às vezes respondemos sim

Às vezes ganhamos um não

Tudo até parece que é certo

Mesmo sem ter explicação...


Vamos então parando por aqui

Quase tudo tem sua continuação

Até as rosas que morreram

Voltam numa outra nova estação...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 360 *

O tempo não tem medidas

Tola ilusão nossa

Passa silencioso, mudo

Os sons são nossos

O tempo não tem modos

Caiu, quebrou, amarelou

Foi embora 

E nunca vai voltar...


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Nunca seremos vítimas

Apenas os algozes

O destino não tem culpa

Se quebramos o vidro

Se insistimos a marcha

Para coisas mesquinhas

Que levam ao nada

O tempo acaba tendo

Prazo de validade...


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Mergulho em águas profundas...

Se vou sair de lá, não sei,

Isso é uma outra história...

Quais águas serão essas?

As que enchem o peito,

Enchem tanto, mas tanto,

Que transbordam de lá

E escorrem pelos meus olhos...

Mergulho em águas profundas...


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Nem sempre a solidão é veneno

(Pode ser um bom remédio...)

Nem sempre a tristeza nos atordoa

(Pode ser uma luz na escuridão...)

Nem sempre o amor nos salva

(Pode ser a beira de um abismo...)

Nem sempre as asas podem voar

(Podem indicar de onde caímos...)...


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Eu sei que faço perguntas demais

E que a maioria delas fica sem resposta...

Tento me olhar no espelho pelas manhãs

E ver se ele me responde:

Onde está aquele que eu vi ontem?

Sinceramente, não sei, nem saberei

Meu espelho capricha no seu silêncio...


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Ciclos... Ciclos? 

Talvez sim, talvez não...

Tanta sabedoria para nada...

Talvez uma roda de bike

Nos leve até mais longe...

Sansara... Sansara?...


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No alto da escada

No fim da estrada

O tombo é certo

O peito é deserto

No alto da estrada

No fim da escada

Quase desperto

Quase certo...

Nem A Pintura Lhe Esconde

Nem a pintura lhe esconde...

Do riso compulsivo

Do choro involuntário

Dessa fome do dia-a-dia...


A humanidade é um grande porém...


Nem o abrigo lhe abriga...

Do perigo constante

Da lâmina do tempo

Da sede sem motivo algum...


O carnaval virá sem que peçamos...


Nem o desejo lhe sacia...

Da paixão insistente

Do tesão indiscreto

Da aflição feito febre...


Não há diferença que do há e não há...


Nem a pintura lhe esconde...

De olhos tortos

De seios desiguais

Da vulgaridade pobre...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Tantos Nomes

Tantos nomes, tantos deles

(Alguns para a memória e outros não)

Datas preteridas, apagadas

(Pobres calendários desprezados)

Lápides ambulantes, epitáfios 

(É tudo aquilo que poderemos ser)...


O plano perfeito que falhou

A tocaia que esperou em vão

A queda no meio da maratona...


Tantos rostos, tantos deles

(Envelhecemos no próximo segundo)

Brinquedos quebrados, para o lixo

(Só a ternura pode sobreviver)

Amores malvados, tão cruéis

(A humanidade é apenas tudo isso)...


A modelo tão bonita ficou feia

A criança perdeu sua inocência

Chegou a hora da folha amarelar...


Tantos signos, tantos deles

(Muitas perguntas ficaram sem resposta)

Zumbis vivos, robôs esquálidos

(Filhos de uma tecnologia sem porquê)

Redes sociais, banalidades

(Ganhe dinheiro e seja mais um merda)...


Um dia todos seremos sepultados

Só ficaremos em certas lembranças

E apenas mais alguns nomes ou não...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carliniana CXVI ( E Os Olhos da Cara )

Pedir perdão só se for cabeça pra baixo.

Soluçar como quem está num banquete.

Assoviar e chupar cana e mascar chicletes.

Sou o rei do sertão sem nunca ter ido lá.

Empurrar um transatlântico ladeira acima.

Minha raposa toma conta do galinheiro.

Mastigo pedras pelo mais puro hábito.

Jogo bola com pelotas feitas de fumaça.

Conto todos os grãos antes de comê-los.

Digo blasfêmias no lugar das minhas orações.

Faço obras de artes com as fezes dos pets.

Todos os direitos sempre foram esquerdos.

Uma cachaça por via intravenosa é a moda.

Soltar fumaça pelos poros é a nova regra.

Antes de fazer uma poesia babe feito porco.

Minha vaquinha já teve um acesso de tosse.

A mentira nunca poderá ser um pernilongo.

Batam palmas para o nada que ele merece.

Uma xícara de café vale mais que um peido.

Uma boa ação pode ser apenas um espinho.

A regra favorita do universo é que não há.

Só a perdição é que poderá ser a salvação.

Pedir perdão só se for cabeça pra baixo...

domingo, 16 de novembro de 2025

Carliniana CXV ( C.A Segundo C.A. )

Pois não houve sonho medonho

Apenas estes passos vacilantes 

Que acabaram levando longe

Ainda que tal longe fosse a esquina

Da rua onde eu ainda moro...


Os fios de cabelo embranqueceram

E agora caem feito folhas outonais...


Pois não houve fogueira alegre

Correndo pelas noites afora

Em faíscas mais saltitantes

Subindo para uma escuridão

Enfeitada com as estrelas...


Se pudesse escolher algum rio

No desespero seria de aguardente...


Eu não sou apenas mais um rapaz

E apenas observo certos detalhes

Invisíveis para uns outros olhos

Que poderão falar o tempo todo

Ou simplesmente ficarem calados...


Enquanto todos eles já se foram

Eu fiquei sozinho neste palco sujo...


Todas as maravilhas estão apenas

Em ultrapassados livros de história

Em que já faltam algumas páginas

E ninguém sabe o seu fim no final...


Eu sou quem simplesmente ama

Mesmo que isto não seja mais sonho...

sábado, 15 de novembro de 2025

Um Zé (Miniconto)

Nem todo Zé é igual, isso está mais que provado e comprovado. Alguns foram grandes figuras, possuem seus nomes escritos nos livros de história, outros, menos famosos, ainda assim estão na memória de alguém que conviveu com eles. O Zé que eu vou falar, pelo menos, tem seu nome lembrado pela quantidade de filhos que fez e olhe lá. Não sabia ler e nem escrever, não era honesto, não gostava de trabalhar. Não gostava de banho! Um dos seus muitos apelidos era Zé Cascão (muito merecido). Era bonito pelo menos? Isso nunca foi. Até se vestir, se vestia muito mal e andava de um jeito que deu jus para um outro apelido - Dez pras Duas. Falava bem? Se falar "goraná" ao invés de guaraná, então falava... Mas que tinha sorte de vem em quando, isso tinha. Certa vez foi na favela comprar maconha e colocou muita dentro de uma lata de tinta. Estava tendo uma incursão policial. Zé passou, cumprimentou os policiais e estes nem pediram para revistar ele nem nada. Quem ia acreditar que um maluco daqueles, um pobre coitado estava com uma carga daquelas? Pois bem, esse era o Zé. Teve centenas de erros como qualquer ser humano, mas ele caprichou. Teve milhares! Até o dia que mudou de casa e foi morar no cemitério... Mas isso é coisa pra muitas vezes.

Nem Todo Delírio Delira

Nem todo delírio delira. Assim como nem tudo que parece ser normalidade é... O tempo não acaba com nada, sob as camadas sucessivas de sujeir...