sábado, 29 de novembro de 2025

Nem Divina, Nem Humana, Nem Comédia

Nem passarão, nem passará...


Ando com a cabeça baixa

Por estas ruas quase vazias

Como quem vai ao próprio funeral

Sem muita pressa de chegar lá...

Onde estão os velhos brinquedos?

Foram substituídos por vãs miragens

E agora não há mais como reclamar

Porque o tempo nos engoliu...


Nem cantarão, nem cantará...


Respiro quase sufocado

As verdades mais empoeiradas

Assim como em velhas relíquias

Prontas para serem jogadas fora...

Para que serve alguma coisa?

Serve apenas para se fazer obsoleto

E ir ficar em velhas gavetas

Ou ainda em mórbidas prateleiras...


Nem dançarão, nem dançará...


Festejo não sei o quê

Até um tempo que não sei quando

Pelo motivo de apenas viver

Como qualquer um pode e faz...

Quem é o alvo e qual é o tiro?

A última moda é agora absurdo

Todo choro se faz bem vindo

Desde que não divina e nem humana

Porque nunca existiu comédia...


Nem voarão, nem voará...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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