Ela passará por aquela porta
a porta que permanece fechada em dias de calor
que se fecha em dias em que o tempo esfria
que abre convidativa para o sol entrar
e que deixa a escuridão da madrugada lá fora...
Ela pulará pela minha janela
a mesma janela que abro pra espiar o mundo
mesmo quando o medo está ao meu lado
falando verdades que são mais desagradáveis
e que eu não queria escutar em tempo algum...
Ela pisará nas flores do meu jardim
pois tem pressa de trazer minha senha
para que a fila ande como tem de andar
surpresas? Essa fila sempre tem alguma
mesmo que baseada em infalível lógica...
Ela me ferirá com os seus carinhos
nunca saberei se foi de propósito ou não
tudo que tem que acontecer acontece
até os crimes serão uma vez aplaudidos
e haverá sol suficiente para Ícaro...
Ela vai me convidar para dançar
mesmo que eu não saiba quais passos
mesmo que eu diga que estou cansado
e que sou muito tímido para tal feito
e que dançarei em uma outra hora...
Ela passará por aquela porta...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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