O capital é o tal...
Engole o negro, engole o pobre,
Engole o ouro, a prata, o cobre,
O que estiver ao alcance da mão,
O fígado, os rins, o coração,
A moral, o destino e a razão...
O capital é social...
Engole o vivo, engole o morto,
Mastiga o que é reto, o que é torto,
Tudo aquilo que não há ou existe,
Engole o que é feliz ou é triste,
Tudo o que teima ou desiste...
O capital é venal...
Engole o luto, engole a festa,
O que é bom, o que não presta,
Engole o enterro, engole a folia,
Encarcera a noite, aprisiona o dia,
Nada é livre, tudo é mercadoria...
O capital é imoral...
Engole o asfalto, engole a favela,
Engole a vida, o sonho, a novela,
Faz tudo pelo que é o dinheiro,
Destrói o dezembro, mata o janeiro,
Dorme na sala e canta no banheiro...
O capital é brutal...
Engole a pergunta, engole a resposta,
Aquilo que odeia e aquilo que gosta,
Engole o inocente, engole o culpado,
Aquilo que presta, o que está errado,
Não tem convicção, não escolhe lado...
O capital é do mal...
(Extraído da obra "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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