(Crie um monstro por dia
Mas cuidado pra não ser devorado)...
A bailarina com os pés rachados
Escrevia crônicas para um futuro inexistente
Enquanto comia pedaços de carvão
E suspirava por amores de programa...
(Seja mais um burguês idiota
E faça um caixão pra levar a porra toda)...
Mosquitos esmagados em paredes
Formavam uma pintura quase renascentista
Enquanto palavras obscenas pediam perdão
Pros carros que passavam indiferentes na rua...
(Não procure mais pelo toucinho daqui
Pois o rato ganhou a eleição no último pleito)...
A menina acabou sendo emparedada
Numa cama bem barata de flores mórbidas
E um profeta de meia-tigela lembrou da nudez
Que as pobres letras acabaram imortalizando...
(As cinzas de Nero cabem num cinzeiro de lata
Enquanto as fuças de viciados enchem de alcaloides)...
Um nudes inédito mostrava o bandido Lampião
Lá pelos idos da famigerada década dos anos trinta
E encontra-se agora espalhado em todas as redes
Para o contentamento de todos os moralistas fakes...
(Um traficante perigoso do contexto carioca
Surpreendentemente faleceu de causas naturais)...
O clown sambou descalço sobre os cacos de vidro
O Titanic quase naufragou numa favela anteontem
O recém-nascido fez mais um discurso acalorado
Pedindo melhores condições para a maternidade pública...
(Crie um monstro por dia
Mas cuidado pra não ser devorado)...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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