domingo, 8 de dezembro de 2024

Não Espere

Não espere felicidade alguma. Se for parte de seu itinerário, ela virá; se não for, irá para outros lugares. A nossa ânsia nos entristece mais ainda e isso não é nada bom...

Enquanto isso, tente ficar feliz com o que tem ao alcance das mãos. Nossos sentidos gostam de nos enganar, talvez estar da melhor forma possível é aquilo que nem percebemos...

Não exija pontualidade dos sonhos. Sonhos são como são as nuvens, estão todos longe. Se nossas asas funcionarem para chegar perto deles, irão funcionar...

Não pense que os aviões são alguma solução plausível para isso. Eles atravessam rapidamente pelas nuvens sem tocá-las, assim também fazemos quando insistimos com o que não é nosso...

Não insista no primeiro amor que surgir. O verdadeiro amor parece mais com um camaleão, muda sempre suas cores. Ele sempre se esconde entre as folhas, nunca se sabe qual seu tamanho e qual tempo ele precisa para seu bote certeiro...

O amor é dono de toda a circunstância existente e poderá usar a mais inesperada. Não depende de quem ama, já que ele é quem dá as cartas e ele, só ele, sabe o resultado antecipado do jogo...

Fuja depressa de qualquer paixão que se aproximar. Mesmo fria, ela poderá lhe queimar com gravidade. Sua inocência é maldosa e mesmo quando não queria nos ferir, acaba assim fazendo...

A paixão é uma arma que está carregada (que já em si é perigosa) e que se torna mais perigosa na mão de quem está. Todos somos meninos com a arma da paixão em nossas mãos, a fatalidade espera a hora de começar o inevitável...

Suporte a sua dor com o menor desespero possível. Nossas dores são somente nossas, isso é mais do que inevitável. O médico pode nos ajudar prescrevendo o remédio mais eficaz, mas a cura não pertence a ele. Se nada fizermos, nada acontece...

Mas tome cuidado com o grande vilão que sempre aparece - a apatia. Ela acaba fazendo que a nossa dor tome proporções inexistentes. Na verdade, dores são dores, todas são parecidas, mas nenhuma delas é igual...

Não espere viver para sempre. Ninguém vive, essa é a verdade mais nua e crua que existe. Somos humanos, não somos pedras e, mesmo estas, podem se acabar. A morte faz parte da vida, assim como a vida faz parte da morte...

Ambas andam de braços dados, pelo mundo. Não são inimigas, apesar da diferença entre elas. Só há um remédio para a morte, essa que nos dá tanto medo - a lembrança dos que irão depois, mas também irão...

Não espere, apenas continue...


(Extraído do livro "Teoria do Medo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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