sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Aquela Rua Chamada Saudade

Aquela rua que não tem tamanho,

Que é tão grande e é tão pequena,

Que percorre todos os países 

E que engole todas as outras ruas...


Todas as casas são suas,

Todos os becos são seus

E os carros que passam,

Os cães sem donos também...


Aquela rua que nunca teve nome,

Que pode ser chamada de várias palavras,

Que debocha da cara do tempo

Pois nem esse pode lhe afetar...


São seus os carros que passaram,

Suas todas as chuvas que caíram

E os passarinhos que voaram,

Os gatos que vivem sonolentos também...


Aquela rua que nunca teve um dono,

Nunca teve ninguém e teve todos,

Que testemunhou todos os carnavais,

As procissões e todos funerais também...


Ela pegou todos os rostos para si,

Fez pose em todas as fotografias tiradas,

Amarelou todas as tintas das paredes

E distanciou todos as paixões mais fortes...


Aquela rua que é do meu tamanho,

Que não é nada e é o universo inteiro,

Que testemunhou todos os fatos

E que ganhou o nome de saudade...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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