Canibais de nós mesmos
Comemos a carne do nosso tempo
Para as coisas mais vãs...
Colaboradores do caos
Inventando alguns verbos novos
Que não dizem mais nada...
Causa de nossa insônia
Somos responsáveis pelo barulho
Que invade a madrugada...
Somos carrascos gentis
E sabemos afiar essas lâminas
Para enfim nos decapitar...
Preparamos a cicuta
Com todo o cuidado e atenção
Para usar uma só dose...
Vendilhões do templo
Acabou dando cupim na cruz
Só serve para o fogo...
Canibais de nós mesmos
Comemos a carne do nosso tempo
E ainda lambemos os beiços...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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