segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Crucificação à Moda da Casa

 

Crucificado na parede. 

O bicho que deu no poste. 

Nada pior do que a sede. 

O jacaré sem Lacoste. 

Espera, espero. 

Quimera, quimero.


Burgueses travestidos.

Tiros zoam em meus ouvidos.

A macha, o macho.

Não sei, eu só acho.

Eu nem tenho qual lado.

Nem o gato faz miado.


Perfume barato francês.

Aprendeu peidar em inglês.

Já saiu de moda.

Essa vida é foda.

Sinto muito, falo pouco.

Penso muito, fiquei louco.


São tantas expressões.

Mataram os corações.

O cão agora é pardo.

Eu nem sei mais, me acovardo.

Ninguém tem pena.

Estamos em cena.


São três horas, quase sete.

Voei pra lua, de patinete.

Andei de mula, fiquei contente.

Caí de boca, perdi um dente.

Perdi o tino, ganhei o jogo.

Irei sambar, meio do fogo.


Crucificado na esquina. 

O bicho que deu no poste. 

Nada melhor que a estricnina. 

Pois ninguém me note. 

Espera, espero. 

Quimera, quimero.


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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