Preparou a luz do dia
Para que ela se apagasse
Treinou as nuvens para um balé
E todas elas caíram no chão
Bebeu muita cachaça
Para a ressaca no dia seguinte
Amou como desesperado
Para o vazio de nunca se sabe
Brigou contra o espelho
Para que o vidro lhe cortasse
Beijou a boca da rosa
Mas esqueceu de seus espinhos
Mentiu descaradamente
E esqueceu o quão era idiota
Quis ser só otimista
Mas não se lembrou da maré
Teve todo tesão que podia
Não lembrou da morte do desejo
Bateu na porta errada
E foi ela que abriu de imediato
Acendeu contrito a vela
Mas acabou esquecendo o pedido
Quis fazer uma surpresa
Mas só conseguiu notícias velhas
Estava tão animado
Mas a piada não tinha graça
Fez o melhor samba-enredo
Mas não sabia que o carnaval passou...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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