Eu tenho a chave...
Só não sei de qual porta!...
Abrirá ela por acaso
As portas de minha percepção?
Ou ainda, a caixa de Pandora
Que soltará meus males?
A chave que abrirá a jaula
E soltará a minha própria fera?
Ou uma caverna obscura
Em que meu demônio reside?...
Eu tenho todo o amor...
Só não tenho a quem amarei!...
Amarei apenas a maior ilusão
Que será apenas uma foto na net?
Ou ainda será uma quimera
Que apenas quer me devorar?
Amarei apenas um contentamento
Que atrás da carne seja só ossos?
Ou será ele a causa inútil
Por que lutei toda minha vida?...
Eu tenho as asas...
Só não tenho os céus!...
Estes céus desabaram ontem
Sobre minha cabeça e nem percebi?
Seriam eles o próprio inferno
E eu achei que eram o paraíso?
Eles estavam longe ao extremo
E caí de cansaço pelo caminho?
Ou seriam parte de um pesadelo
Que me acordou no meio da noite?...
Eu tenho o sono...
Só não tenho hora para dormir!...
Por que fui fazer amizade
Com a noite e ela agora atormenta?
Estarei procurando seus olhos
No meio desta minha escuridão?
Terei medo de acabar dormindo
E sonhar com meus velhos dias?
Esse meu choro constante
Que atrapalha o meu descanso?...
Eu não tenho o mar...
Só tenho essa ânsia de navegar!
Suportarei todas as tempestades
Que também maltratam o cais?
As ondas gigantescas não afligirão
Minha fragilidade contínua?
Conseguirei me livrar dos ardis
Das sereias de minha vaidade?
Em algum Triângulo das Bermudas
Estará mesmo o meu final?
Eu tenho a chave...
Só não sei de qual porta!...
(Extraído do livro "Águas de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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