Quero tanta poesia
Que encha os rios
Abarrote os mares
Desfaça as nuvens!
Quero tanta poesia
Que ocupe os pássaros
As flores se pintem
Quase faltem palavras!
Quero tanta poesia...
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Menino me devolva o vento
Minha pipa não alcança os céus
Deixa de esconder o brinquedo
Eu também quero me divertir
Faça meu ânimo voltar
Falta conhecer muitos lugares
Mesmo que o tempo esteja
Acabando nessa velha agenda
Ainda tenho o que fazer e não fiz...
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Fiquem calmos, meus mortos
Não se preocupem com esquecimento
Eu não preciso memorizar suas lápides
Não preciso guardar datas de vindas e idas
Minha memória é bem uma outra
Hei de lembrar sempre de suas passagens
Nem o tom de suas vozes eu me esqueci
Se nos encontramos um dia nem eu sei
Mas o mesmo carinho que tive continua
Carinho esse que nem sei se terei ao partir...
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A vida é quadro-negro
(Um quadro-verde?)
(Um quadro azul-marinho?)
Alguém vai escrever nele
O mesmo ou outro apagará...
A vida um rio que corre
(Grande ou pequeno?)
(Limpo ou sujo?)
Mas todos irão correndo
Para o mesmo lugar...
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Não consigo escutar cor nenhuma...
E a minha matemática fica estranha
Contando segundos feito pedinte...
E a minha lógica acaba profana
Rindo do que não achei graça...
E as fábulas contam realidades
Como apenas mais um desesperado...
E o meu instinto de sobrevivência
Acaba procurando abismos novos...
Não consigo ver som nenhum...
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Célebre desconhecido
sem um verso lido sequer...
Máximo incompreendido
minhas razões morreram...
Pensador barato
morro em cada rua...
Pedestre sem tino algum
atravesso a minha vida...
Como será meu amanhã
se nem o hoje posso ver?
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Pássaro não...
Pássaros voam quando querem
Eu só consigo isso quando sonho...
Maré não...
Marés se sucedem pelos dias
Eu só quando a paixão me atinge...
Ventania não...
Os ventos varrem folhas de saudade
E eu só consigo guardá-las...
Choro não...
Minhas lágrimas são velhas conhecidas
Deste rosto envelhecido de sempre...
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