domingo, 26 de maio de 2024

A Grande Dupla de Um

Enquanto um, sou dois...


Companheiro de minha solidão

Ando falando comigo mesmo

Em todas as ruas do mundo...


Enquanto um, sou dois...


Testemunha ocular de meu crime

Sou o único que pode me perdoar

Em todos esses tais delitos...


Enquanto um, sou dois...


Penso quase que escondido

Pois sei que estão me matando

Enquanto meu tempo é engolido...


Enquanto um, sou dois...


Tento parecer com o rebanho

Mas isso pouco me adianta

Pois sou um único universo...


Enquanto um, sou dois...


Faço um par quase perfeito

Bem e mal com braços dados

Eis porque tudo é dança...


Enquanto um, sou dois...


Quando a morte assim chegar

Faremos sim um novo par

De uma dança mais eterna...


Enquanto um, sou dois,..


(Extraído do livro "Águas de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...