Eis o menino
que um dia quase se afogou
em sua beira
num dia de muito e muito sol...
Não pregarás mais estas peças...
Os castelos de areia
há muito inexistentes
não haverão mais em tua areia...
E aquelas boias de pneu?
Agora o menino não brinca nelas
e nem quer voltar a brincar...
Papai não me acordará bem cedo
para pegar a maré cheia
com a água ainda morninha
antes do sol bater seu ponto...
Eram dias felizes...
O velho carro cheia de coisas
para alguns dias fora de casa
até que a saudade fosse presente...
Não há também rodas-gigantes
que subíamos felizes
em noites quase generosas
dos fins-de-ano com lâmpadas...
Eu não sei... Eu não sei...
Eu não me lembro mais...
Onde foi parar o barco vermelho
de plástico com salva-vidas amarelo...
Eu não sei... Eu não sei...
Eu não sinto mais...
Aquele amor por que foi embora?
Foi o peso dos anos que chegou?
A tristeza que transbordou?
Algum vento mal que virá
sem ao menos dar algum sinal?
Mar... Mar... Querido mar, desculpa-me...
Continua com teus barcos serenamente
parados enquanto continua
tua tarefa de ir e vir sem cansaço...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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