Comemos a merda do outro e nem vemos...
Há muitos chiqueiros por aí...
Alguns mais limpos, outros mais sujos,
Mas sempre isso - chiqueiros...
Chiqueiros caros, chiqueiros baratos,
Chiqueiros com muros, outros nas calçadas...
Chiqueiros barulhentos com muita festa,
Outros mais silenciosos com restos mortais...
Somos porcos, não temos noção alguma,
Queremos engordar, mas não sabemos do abate...
Há porcos pensantes, outros mais tolos,
Porcos letrados, outros que não estudaram...
Há porcos mais bonitos, com bundas lindas,
Outros sem estética, mas também porcos...
Que porcos mais mentirosos que somos,
Nossa principal preocupação é comer
E quando podemos também - foder...
Somos porcos, quase sempre enganados
E o que nos engana é aquilo que queremos...
Mesmo limpo o corpo, a alma é suja...
Vamos remexer nos baldes de lixo,
Procurando restos mais sujos possíveis,
Restos de sonhos agora semidevorados,
Pedaços de taras mal disfarçadas...
Somos assim desde outros tempos,
Sujeitos à mudanças que não nos muda...
Somos porcos, porcos que se dizem sábios,
Porcos sabidos, porcos mais malandros...
Não escapamos do açougueiro do destino,
Que vai nos expor em muitos pedaços,
Linguiças, pernis, toucinhos, costelas
Para os mais variados gostos e preços,
Nós mesmos é que nos vendemos,
Por algumas sujas e pobres moedas
Que nem ao menos de prata são...
Somos porcos, humanos porcos vis
Numa grande sujeira chamada mundo...
(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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