Sujas estrelas
de poeira azul
Caminham por um céu
onde beija-flores
e algumas borboletas sentimentais
fazem um coro...
Alto-falantes são rouxinóis,
são rouxinóis, são, são...!
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A casa cai
O tempo vai...
O que sobrará para nós?
Apenas a voz...
A voz enfraquecida?
Eis o que sobrou da vida...
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Eu duvido de quase tudo
Da volta da paz qualquer dia
De novos sóis menos malvados
De outros sorrisos que brotarão
De brincadeiras pra nos distrair
De que os pássaros lembrarão de mim
De que as flores me serão generosas
De que algum gato roçará minhas pernas
E de que um cão lamberá minhas mãos
Eu duvido de quase tudo
Menos dessa teimosa esperança
Que não passa um dia sem me castigar...
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Me confundo com todo mundo
Em querer o que não preciso
Me confundo com todo mundo
E me machuco sem um aviso
Me confundo com todo mundo
Quando perco até meu siso
Me confundo com todo mundo...
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Abissais
Abidoces
Talvez algum perfume nos salve
Ou ainda que não
Nos console...
A arte acabou caindo de fome
Várias dores de cabeça
Sem analgésicos
Para salvá-la...
Um dia chegarei lá
E não perdoarei
Nem meus desencantos...
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Está esquecido
quem é ou quem era
Só meus passos
poderão acompanhar-me
Antigas lanternas
não mais funcionam
E tudo que já vi
há muito morreu
Nem mais sombra
eu sou ou serei
Quero bailar agora
por toda eternidade
Embalado docemente
por alguns enigmas
que não me matem mais...
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Estático
e ainda assim vivente
Tolo
e ainda assim pensante
Rindo
e ainda assim de luto
Feroz
e ainda assim tão manso
Amando
e ainda assim malícia
Tudo e nada
todo o tempo todo...
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