Claro-azul de rosas serpentinas, eu ando desnorteado como um pássaro no meio da fumaça, ando cego como um colibri entre metais. Esqueci meu nome, de onde vim, para onde vou. Fico o dia todo olhando as bolhas de gás que sobem pelo refrigerante e penso se não poderia ir com elas. Dói o corpo, mais a alma, não sei como explicar isso, mas é o que acontece. Às vezes vozes inarticuladas chegam aos meus ouvidos. Será apenas um canto ou um anúncio sem trombetas de velhos anjos?
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Um carrossel gira, gira, gira sem parar. Sua velocidade pouco importa. Ele vai consumindo nossos dias, nossas chances. Ele engole nossos sorrisos, nossas ideias, nossa resistência. Vai rasgando nossa fantasia, terminando nossos carnavais. Ele não é o carrasco, nenhuma carpideira, amigo ou inimigo não é. Vai realizando sua tarefa, não observa detalhes, não escuta gritos, não analisa lamentos. Faz caretas no espelho, mostra a língua aos passantes, tira as calças em público. Um carrossel gira, gira, gira sem parar. Que carrossel? O da nossa vida...
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Pedra de encanto
Perdida no meio do mar
Pensei que nunca te veria
Mas o destino gosta de brincar...
Umas vezes ele faz caretas
Outras vezes ri conosco...
Pedra de encanto
Solta no meio das nuvens
Eu contei todas as estrelas
Até te achar entre algumas delas...
Não sei qual delas brilha mais
Mas acredito que sejam teus olhos...
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Morte em versos
água só
Continuemos nossa teima
até faltar pedaço
Preciso de um carinho
por mil anos
Perdi todos os meus dias
malvado tempo
Pode parar com esse choro
não me salva mais
Morte em versos
vento só...
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Vejo a mudez de meus próprios passos numa escuridão que só há em mim. Escuto barulhos imaginários que só pertencem ao meu próprio medo. Espero dias mais felizes que pararam pelo caminho e nunca mais virão. A fogueira está acesa, mas suas chamas não me iluminarão nem tampouco me aquecerão por entre frias madrugadas. Os ossos muito me doem, sou apenas eles, numa brancura espectral que antes nem eu mesmo conhecia. Vamos brincar de fantasmas?...
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Tiros para todos os lados
o que temos
o que podemos
o que pode nos salvar...
Gritos em todas as direções
o que nos assusta
o que me faz tremer
o que me faz tontear...
Sombras quase todas
é quase noite
é tudo escuro
eu quase nem vejo...
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Quem não tem, não tem
Quem não tem, tivesse
O mal junto ao bem
O que sobe e o que desce
Quem não faz, não faz
Quem não faz, fizesse
A guerra junto da paz
Fizeram uma quermesse
Quem não ama, não ama
Quem não ama, amasse
A comédia com o drama
Tem as duas um enlace...
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