Sem tipo. sem previsão,
Apenas aquilo que é,
Sem causa, sem ficção,
Sem descrença, sem fé
tantas mágoas vieram me chamar de bicicleta
nunca soltei suspiros quando comi suspiros
mergulho todos os dias numa piscina vazia
nas coisas mais banais descobrimos alegria
Sem motivo, sem rumo,
Vou dar de cara no muro,
Sem parede, sem plumo,
Sem passado, sem futuro
o mágico tirou um elefante da sua cartola,
nem todos os que morrem viram notícia,
a baiana exagerou no vatapá da minha pimenta,
a felicidade só chega se for em câmera lenta
Sem choradeira, sem carnaval,
Não houve vaias e nem palmas,
Sem previsão, sem fato fatal,
Sem corpos, sem almas
quem dita todas as regras é o nosso freguês,
a nossa fome determina aonde iremos parar,
eu perco meu juízo algumas dezenas de vezes,
nesse grande curral do mundo somos as reses
Sem insônia, sem cochilo,
Não houve rotina, nem acidente,
Sem preguiça, sem o esquilo,
Sem oculto, sem evidente
eu tenho os fósforos mas não tenho a caixa,
tenho todos os motivos e nenhuma razão,
as evidências acabam pulando na cara,
a vulgaridade se transformou joia rara
Sem tipo, sem previsão,
Apenas um sanatório,
Sem causa, sem razão,
Tudo é apenas aleatório...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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