quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Aleatórium Number 1

 

Sem tipo. sem previsão,

Apenas aquilo que é,

Sem causa, sem ficção,

Sem descrença, sem fé


tantas mágoas vieram me chamar de bicicleta

nunca soltei suspiros quando comi suspiros

mergulho todos os dias numa piscina vazia

nas coisas mais banais descobrimos alegria


Sem motivo, sem rumo,

Vou dar de cara no muro,

Sem parede, sem plumo,

Sem passado, sem futuro


o mágico tirou um elefante da sua cartola,

nem todos os que morrem viram notícia,

a baiana exagerou no vatapá da minha pimenta,

a felicidade só chega se for em câmera lenta


Sem choradeira, sem carnaval,

Não houve vaias e nem palmas,

Sem previsão, sem fato fatal,

Sem corpos, sem almas


quem dita todas as regras é o nosso freguês,

a nossa fome determina aonde iremos parar,

eu perco meu juízo algumas dezenas de vezes,

nesse grande curral do mundo somos as reses


Sem insônia, sem cochilo,

Não houve rotina, nem acidente,

Sem preguiça, sem o esquilo,

Sem oculto, sem evidente


eu tenho os fósforos mas não tenho a caixa,

tenho todos os motivos e nenhuma razão,

as evidências acabam pulando na cara,

a vulgaridade se transformou joia rara


Sem tipo, sem previsão,

Apenas um sanatório,

Sem causa, sem razão,

Tudo é apenas aleatório...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).


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