Vítima e ao mesmo tempo algoz
Gritando bem alto sem ter voz
Parado e entretanto tão veloz
Eu ando em ruas como um fugitivo, mas para onde eu irei fugir? Espero cair em um abismo, mas onde eu irei cair? Sou de tantas terras, mas não sou daqui e nem dali...
Louco nestas tentativas tristes e vãs
Engolindo de uma vez todas as manhãs
Todas as tristezas são apenas irmãs
Nas praças sonho com o que já foi, nada irá voltar? Na vida tudo se repete, será como o balanço do mar? Olho triste no espelho, cada dia muda até o ar...
Eu nunca passei de um reles farsante
Regressando mesmo quando ia adiante
Acorrentado por séculos num instante
Já estou cansado demais, posso voltar pra minha cela? Sinto falta de tanta coisa, acabou a minha aquarela? Acabaram-se todas as flores, inclusive a mais bela...
Sobrevoarei noturno sobre o teu telhado
Eu e a morte temos um encontro marcado
Não sei qual dia o encontro já foi adiado
Eu ando em ruas como um réu convicto, de onde vem essa convicção? Espero ser salvo um dia, mas de onde virá essa salvação? Vejo tantas estrelas, mas nenhuma vem na minha mão...
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