sexta-feira, 29 de julho de 2022

Réu Convicto

Vítima e ao mesmo tempo algoz

Gritando bem alto sem ter voz

Parado e entretanto tão veloz


Eu ando em ruas como um fugitivo, mas para onde eu irei fugir? Espero cair em um abismo, mas onde eu irei cair? Sou de tantas terras, mas não sou daqui e nem dali...


Louco nestas tentativas tristes e vãs

Engolindo de uma vez todas as manhãs

Todas as tristezas são apenas irmãs


Nas praças sonho com o que já foi, nada irá voltar? Na vida tudo se repete, será como o balanço do mar? Olho triste no espelho, cada dia muda até o ar...


Eu nunca passei de um reles farsante

Regressando mesmo quando ia adiante

Acorrentado por séculos num instante


Já estou cansado demais, posso voltar pra minha cela? Sinto falta de tanta coisa, acabou a minha aquarela? Acabaram-se todas as flores, inclusive a mais bela...


Sobrevoarei noturno sobre o teu telhado

Eu e a morte temos um encontro marcado

Não sei qual dia o encontro já foi adiado


Eu ando em ruas como um réu convicto, de onde vem essa convicção? Espero ser salvo um dia, mas de onde virá essa salvação? Vejo tantas estrelas, mas nenhuma vem na minha mão...

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