quinta-feira, 14 de julho de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 183



Virei um fazedor de rimas,

Algumas bem imperfeitas,

E assim vou andando

Por essas ruas estreitas...


Virei um fazedor de rimas,

Algumas delas sem graça...

Por que fazer tantas rimas?

Eu as faço só de pirraça!


Virei um fazedor de rimas,

Desenho pobre e malfeito...

Por que teimar em fazê-las?

Obedeço às ordens do peito...


...............................................................................................................


As bruxas não são mais

queimadas em fogueiras,

Os hereges não são mais

pendurados em cordas,

Galileus estão em falta

para serem presos,

Os tempos são outros

(em essência não)

Os inquisidores agora 

estão usando ternos

pregando exatamente

o oposto do que fazem...


..............................................................................................................


Eu sou minha própria vítima

Enveneno-me com os meus sonhos

Alguns em grandes doses

Outros em doses bem menores

Mas todos eles letais...

Eu sou meu próprio carrasco

Permaneço em lúgubre silêncio

Segurando meu afiado machado

Para cortar tranquilamente

A cabeça de minhas ilusões...

Só os meus desejos

Esses sobreviverão até o fim dos tempos...


...............................................................................................................


Olhos fechados na escuridão do quarto,

Numa profundidade nunca imaginada antes...

Quantas léguas daqui até a parede?

Talvez a distância mais do que suficiente

Para seguir toda a noite antes de seu fim...


...............................................................................................................


Perdoa-me, junto as mãos em súplica

Se  fui o culpado, juro que foi sem querer

Tentei voar, mas as asas permaneceram fechadas

Tentei dançar, mas os pés acabaram tropeçando

Era para chegar a tempo para a festa, atrasei-me

Fiz caretas perante o espelho, fui malcriado

Exigi demais, acabei não tendo nada 

Feri-me sem querer, não vi os espinhos nas rosas

Queria voar, mas as asas falharam-me e caí

Perdoa-me, eu mesmo, foi sem querer...


...............................................................................................................


Silêncio em dias frios

Não consigo entender tão complicada metafísica

O vento do mar deve estar cortando!

Enquanto os barcos estão atracados em silêncio

As garças cumprem sua triste sina

Quase tão tristes como nós seres humanos

Barulhos sem propósito algum

Numa monotonia carregada de ineditismo

Não deveria ter ligado a televisão...

Um avião sobrevoa e aguça minha curiosidade

Há pouco ou quase nada para se fazer

E só há silêncio em dias frios...


...............................................................................................................


Morri ontem mesmo

mas estou vivo hoje...

Ressuscitei-me sem terceiro dia

e sem jogada de marketing...

Corri muitas léguas

mesmo sem sair do lugar...

Há tantos céus, terras e mares

dentro desse meu peito...

Sou talvez um náufrago

que voltou das profundezas...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...