quinta-feira, 7 de julho de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 180

Mais uma! Dou um soco na mesa suja do bar enquanto minha vista começa à embaçar. É assim mesmo. As moscas voam de susto. Deve fazer calor ou frio em qualquer lugar por aí. Origem das espécies. Mais uma! Talvez seja apenas um simples automatismo que a tristeza nos dá. Conseguimos transformar. Já dei muitas vezes com a cabeça na parede. Pois eu mesmo sou o meu carrasco. Mais uma! Uso um invólucro dourado para as minhas taras. A esfinge saiu correndo pelas areias do deserto. A pedra filosofal chegou aos camelôs da nossa maravilhosa cidade. Mais uma! Nada com nada tem tudo a ver. Quero a sordidez até o final dos tempos. Opus Magnus, cada um tem a sua cruz. Mesmo que a seja inverossímil o enredo deste romance. Somos todos apenas o que somos. Mais uma!...


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Tristeza em gotas homeopáticas...

(Me esforçarei para poder engoli-la...)

Eu enfeito com lantejoulas

Esta minha tão triste fantasia...

Muito antes de um tempo 

Em que o próprio tempo não existia,

Os meus medos me acompanhavam

E eles eram quase alegrias...

Tristeza em gotas bem contadas...

(Me esforçarei em disfarçá-la...)...


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Quando o doutor deu a má notícia - não me desesperei. Esperar más notícias pode frustrá-las. A previsão do espinho no dedo pode atenuar a malvada ferida. Poderia tentar fazer um drama como um ator de terceira, mas não quis. A minha aparente apatia deve tê-lo surpreendido. Talvez um tango para fundo musical pudesse servir. Não mais que isso. O tempo que tinha? Qualquer previsão beira à mediocridade e as estatísticas acabam mentindo para si mesmas. Não aos cálculos! Que ainda existam páginas em branco neste meu maltratado diário que de nada servirá um dia... O impossível gosta de fazer visitas. Nas madrugadas já existem filas. Ter medo da morte é mais do que o óbvio...


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Aquela música

Que eu não decorei letra 

E muito menos melodia

Mas que me perseguia

Por todas as ruas que andava

Nascia dentro do peito

Subia à cabeça

O tempo todo

Todo o tempo possível

E até me ninava

Para que eu dormisse...


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Nada é tão difícil e tão fácil

ao mesmo tempo do que sonhar

Sentimos o incômodo ao ver

tantas nuvens e não poder ir

até elas como queremos...

O meu cantar se calou

tão de repente que nem vi...


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Teclo as teclas com costumeira lentidão

A pressa não faz mais parte da minha rotina

Tenho é pouco tempo e aproveitá-lo

Agora faz parte do meu pobre roteiro de ilusões

A minha única velocidade agora são os sonhos

Poderei tê-los à tempo dia desses?

Não sei... Mas mesmo assim sonhemos...


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Quando daqui um tempo 

Uma mosca pousar em meu rosto

Não irei reclamar

Não irei tentar tirá-la de mim

Não irei espantá-la

O seu incômodo não será mais meu

Que venham todas elas

E tapem meu rosto logo de vez

Os mortos são pacientes

Nunca reclamam...


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