Que me falte o ar em quantidades
Que me falte a luz vez por todas
Minha insistência chegará na minha cara
Como o inevitável sol lado de fora
Mesmo que me adiante pela escuridão
Tangem os violinos em estranho lugar
O bonito acabou virando fantasia
E o vulgar apenas a receita de bolo
Rojões explodem em ares próximos
E por um triz não chegam nas casas
Ou ainda não invadem os tais quintais
Eu sinto uma tremeção quase inédita
E ainda muitas surpresas irão acontecer
Dói muito e ainda dói mais ainda
Saber que em qualquer lugar por aí
Andam minhas lembranças mais caras
E o fio que me salvava daquele labirinto
Acabou se rompendo definitivamente
Eram duas horas de qualquer tarde
Em que apenas previa e não sabia
Eu escolho palavras como quem esmola
Na porta da igreja ou na porta da necrópole
As moedas serão exatamente as mesmas
Meras rivais de uma miséria presente
Em todos os cantos possíveis
Até os pombos e outros seres sabem
Desta minha estranha proeza
Minhas dores de cabeça a roem
Como ratos com bastante fome
Venham meninos está na hora do lanche
Algumas fogueiras estão ainda acesas
E consigo sobreviver de certa forma
Mesmo me sentindo um tanto morto...
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