sábado, 9 de julho de 2022

Paganismo

Que me falte o ar em  quantidades

Que me falte a luz vez por todas

Minha insistência chegará na minha cara

Como o inevitável sol lado de fora

Mesmo que me adiante pela escuridão

Tangem os violinos em estranho lugar

O bonito acabou virando fantasia

E o vulgar apenas a receita de bolo

Rojões explodem em ares próximos

E por um triz não chegam nas casas

Ou ainda não invadem os tais quintais

Eu sinto uma tremeção quase inédita

E ainda muitas surpresas irão acontecer

Dói muito e ainda dói mais ainda

Saber que em qualquer lugar por aí

Andam minhas lembranças mais caras

E o fio que me salvava daquele labirinto

Acabou se rompendo definitivamente

Eram duas horas de qualquer tarde

Em que apenas previa e não sabia

Eu escolho palavras como quem esmola

Na porta da igreja ou na porta da necrópole

As moedas serão exatamente as mesmas

Meras rivais de uma miséria presente

Em todos os cantos possíveis

Até os pombos e outros seres sabem

Desta minha estranha proeza

Minhas dores de cabeça a roem

Como ratos com bastante fome

Venham meninos está na hora do lanche

Algumas fogueiras estão ainda acesas

E consigo sobreviver de certa forma

Mesmo me sentindo um tanto morto...

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