terça-feira, 12 de julho de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 182


Pule no meio da rua

Dance como fosse carnaval

Esqueça que cai chuva

Esqueça do temporal

Esqueça da morte 

Esqueça da sorte

Da sorte que não veio

De um lado de outro

Estamos todos no meio

No meio da vida do mundo

Flutuando ou lá no fundo


..............................................................................................................


Mãos em silencioso nervoso

Silenciosa apreensão

Acostumadas a pedir

E escutar apenas - um não...

Mãos sujas ou limpas

Não é esta a questão

Elas conhecem o desespero

Conhecem o fim da ilusão


...............................................................................................................


Uma ilha é uma ilha

Eu não sou...

Por mais que me sinta só

Nunca estou...

Estou com o brinquedo velho

Que um dia quebrou...

Com o antigo carnaval

Que já passou...

Com aquela fantasia

Que se rasgou...

Com aquele antigo sonho

Que não vingou...

Esperando a boa notícia

Que não chegou...

Uma ilha é uma ilha

E eu não sou...


...............................................................................................................


Guardo minhas taras na alma

Como um avarento usa o cofre

Não sei quem amo feito indeciso

Assim sempre fomos e vamos ser

Desprezo a minha própria estética

Como um macaco de imitação

Quebrei todas aquelas cadeiras

Que eram colocadas pelas calçadas

Hoje o vento não mais refresca

E sofro em filas do meu inferno...


...............................................................................................................


Tudo morre...

Até os poemas suplicando aplausos

Até a violência querendo ternura

Até os rios cansando de não chegarem

Até os passarinhos na falta de céus

Até os segredos que foram descobertos

Até a lógica quando se tornou insanidade

Até eu e até ele e até todos nós

Só a saudade consegue permanecer

Tudo morre...


...............................................................................................................


O velho cego sonhava com insólitos sonhos

Sentado na cadeira sob o sol da rua

Já morreu fazem anos e mais anos

Talvez nem seu nome tenha quem saiba

Mas seus dias foram seus todos eles

E eu ainda lembro de seu rosto feio e sereno


...............................................................................................................


Mesa posta

Cada detalhe cuidadosamente cuidado

Tudo certo

Em seu mais correto dos lugares

Silêncio total

É só esperar os convidados

Para o banquete

Do caos que nós chamamos mundo...


...............................................................................................................

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...