Pule no meio da rua
Dance como fosse carnaval
Esqueça que cai chuva
Esqueça do temporal
Esqueça da morte
Esqueça da sorte
Da sorte que não veio
De um lado de outro
Estamos todos no meio
No meio da vida do mundo
Flutuando ou lá no fundo
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Mãos em silencioso nervoso
Silenciosa apreensão
Acostumadas a pedir
E escutar apenas - um não...
Mãos sujas ou limpas
Não é esta a questão
Elas conhecem o desespero
Conhecem o fim da ilusão
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Uma ilha é uma ilha
Eu não sou...
Por mais que me sinta só
Nunca estou...
Estou com o brinquedo velho
Que um dia quebrou...
Com o antigo carnaval
Que já passou...
Com aquela fantasia
Que se rasgou...
Com aquele antigo sonho
Que não vingou...
Esperando a boa notícia
Que não chegou...
Uma ilha é uma ilha
E eu não sou...
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Guardo minhas taras na alma
Como um avarento usa o cofre
Não sei quem amo feito indeciso
Assim sempre fomos e vamos ser
Desprezo a minha própria estética
Como um macaco de imitação
Quebrei todas aquelas cadeiras
Que eram colocadas pelas calçadas
Hoje o vento não mais refresca
E sofro em filas do meu inferno...
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Tudo morre...
Até os poemas suplicando aplausos
Até a violência querendo ternura
Até os rios cansando de não chegarem
Até os passarinhos na falta de céus
Até os segredos que foram descobertos
Até a lógica quando se tornou insanidade
Até eu e até ele e até todos nós
Só a saudade consegue permanecer
Tudo morre...
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O velho cego sonhava com insólitos sonhos
Sentado na cadeira sob o sol da rua
Já morreu fazem anos e mais anos
Talvez nem seu nome tenha quem saiba
Mas seus dias foram seus todos eles
E eu ainda lembro de seu rosto feio e sereno
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Mesa posta
Cada detalhe cuidadosamente cuidado
Tudo certo
Em seu mais correto dos lugares
Silêncio total
É só esperar os convidados
Para o banquete
Do caos que nós chamamos mundo...
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