É noite...
E a escuridão cai por cima do mundo
Feito um cobertor de preguiça
Generoso que cobre tudo e todos...
É noite...
E as luzes são pequenos olhos
Que se abrem totalmente curiosos
E começa o balé ao redor deles...
É noite...
E o duplo perigo nos transforma
Nos mais furtivos felinos sábios felinos
Que conhecem os muros e os becos...
É noite...
E agora vão haver bebedeiras
E agora garotos farão seus programas
E as putas darão suas aulas de desilusão...
É noite...
E a fumaça subirá lentamente dos cigarros
E os passos serão mais pesados que antes
E o medo caminhará bem de mansinho...
É noite...
E agora é a hora do maior risco
E a hora de arriscar tudo que se tenha
E a vida vale pouco ou quase nada...
É noite...
E a fome chega aos poucos torturando mais
E é o frio que incomoda até doer tudo
E é a vida que perdeu toda a sua chance...
É noite...
E a hora do assassino acabou de chegar
E a vez do ladrão acabou de entrar em cena
E o canalha teve todos os seus pecados perdoados...
É noite...
E a calçada é a cama mais macia de todas
E o céu o melhor cobertor de todos
E a solidão a decisão de melhor bom senso...
É noite...
E cantam os bacurais e nos espraguejam lentamente...
Parabéns pelo texto! É possível sentir a noite, seus meândros, suas surpresas, o que ela oculta.
ResponderExcluirGostei demais.
Abraço.