terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Humana Idade


É um vídeo. É uma foto. É o registro em HD. São os vírus. São as bactérias. São os novos medos. Junto aos antigos. É a invasão de domicílio. É a quebra da senha. É a página pessoal adulterada. É  a postura da mídia. É a disputa política. É o politicamente correto. É que vem. O que vai. O armário cheio de liquidações ultrapassadas. É o relógio digital. É a tendinite obrigatória. É a rima óbvia. São as ovelhas no precipício. Tenho que parar de fumar. Tenho que parar de beber. Tenho que viver sadiamente. E morrer como qualquer um. Saber de tudo. Ser inteirado com o mundo. Mas mesmo não saber o que devia. É o folder. É o modem. É a foda para fins reprodutivos. É a igreja. É o new e o old juntos. Nada mais. Não grite na rua. Não dance na chuva. Não ria sem motivo. Ache engraçado na hora certa. Escove os dentes de forma ortodoxa. Veja a tela em silencioso respeito. Finja que a mentira é verdade. Faça de si mesmo a exceção rotineira. É o novo corte de cabelo. É a nova cor de unha. A nova gíria. O novo meme. O novo sabor de chocolate. A vaca louca enlouquecendo loucamente. A corrupção em massa. Os relógios cheios de sono. Os legumes cozidos em rituais de vodu. Domingos e domingos são todos os dias. Na séria preocupação do nada. Porque nada muda o rumo das coisas. Somente a loucura. Nem sempre a queda do abismo mata. Milagres esperam para acontecer. Eu não vejo o ar e o respiro. A sequência das coisas traz o castigo. Ou a recompensa. Mesmo que ela nada signifique. Aparentemente pelo menos. Nada passou. Mas ao mesmo tempo não está mais lá. O poder não faz a música. Mas dita os passos. E o horário do baile. Nada mais. A independência depende de suas drogas. E elas estão à venda. Cada instante é vigiado por invisíveis fios. Marionetes até no nome. O incomercial é  imoral. Mas o amoral tem cadeira cativa no estádio. Antes eram leões para os gladiadores. Hoje são só leões mansos. E a platéia ri de não sabe o quê. Os rios não deságuam mais no mar. Simplesmente evaporam em novas chuvas. Um problema atrás do outro. É só isso. Falar mal virou elogio. Tudo está no esquema. Nenhum cão foge do canil. Os chips entraram por carne adentro. E os satélites agora têm olhos bem grandes. As ditaduras adoram trocar de roupa. O narcisismo é o mais importante dos alimentos. Nada é maior ou menor. Nisso consiste o grande engano de pessoas. A terra come. E tem apetite. Só os sonhos não morrem. E dão bofetadas na cara dos egoístas. As necrópoles estão cheias. E seu mármore é mais frágil que o papel...

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