segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ciência dos Espelhos

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Espelhos não são apenas vidros
Perderam a sua timidez
São quando muito anjos decaídos
De novo pesadelo que se fez

Espelhos nunca estão escondidos

Mostram nossa total nudez
Nossos desejos mais reprimidos
O que são sem talvez

Espelhos nunca são distraídos

Esperam sempre sua vez
Por nós mesmos somos afligidos
Dia a dia e mês a mês

Espelhos não são destruídos

Mesmo quando há palidez
São livros para serem lidos
Como se fossem leis

Espelhos são tão divertidos

Apesar de sua solidez
Não escutam nossos gemidos
E nem perdem sua polidez...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Viajante de Mim Mesmo

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São muitas bandeiras para um coração só. Mesmos que as ruas sejam velhas conhecidas. São muitos dias escorrendo entre os dedos. E coisas embaralhadas como cartas no jogo da mente. Eu o sou. O viajante de mim mesmo. Em perigosas expedições de reconhecimento. Eu o desejei. Os ares em que nuvens companheiras seriam. E as cavernas que a própria mente escavou em tristes horas. E eu o fiz. Incontáveis pecados sem culpa. E festas que nunca aconteceram. Não há horários. Nem chegadas e nem despedidas. São muitos Quixotes e nenhum Rocinante. São apenas tristes figuras. A maioria delas desbotadas e queridas. São fotos velhas para novos motivos. É tudo ao mesmo tempo e ao mesmo tempo nada. É a tábua de salvação e a luz no farol para um naufrágio que não aconteceu. Anos e anos na mesma ilha. As varinhas de condão faltam no mercado. E o risco das correrias se acabou. Olhem apenas e nada perguntem. As respostas esperam ansiosamente entrarem em cena. E se perguntas são divertidas. As respostas não têm graça. Aproveitemos todos os doces. Sem esquecer de lamber os dedos. Não há nenhum caos nas cirandas. Mas às vezes o inesperado vem para jantar. O galo perdeu o relógio. E as canetas estão em falta no mercado. Apague a luz pois é meio-dia. Mas peça ao sol que tenha paciência. Há tantos mares quanto são os homens. E certezas absolutas guardadas lá num canto. Repartamos o que sobrou. Antes que venha a conta. Ou o tesão se acabe. Ainda existem velas. São aquelas que só lembramos quando há lembrança. Uma partida de xadrez. Mas faltam peças. A minha emoção é vendida em suaves prestações. Cresceram pelos em infantis rostos. E obrigações que nunca terminam. Vamos nos divertir com construções de fumaça que caem. Nada foi mais terno que inimigos gestos. Nada foi tão engraçado quanto a tristeza. O que não sei escrevo em outra língua. E pulo amarelinha com os meus enigmas. Não escolho palavras faz muito tempo. Elas que me escolhem e saem andando. Estalam seus dedos e acontece a mágica. Não é para que eu goste. Fale apenas e pronto. Nada de novo. Nada de especial. Apenas cybernotícias do cyberfront. Em meu teclado saem notas. As letras agora cantam no coro. E reclamam por escassas asas. Faça o favor e passe na frente. As ondas desse mar ainda estão acordadas. É a eterna insônia do que não passa. Deu pane no avião. Voamos sozinhos. Acabaram-se as moedas de nossos bolsos. Não sei rezar diretamente. Mas rezo o tempo todo. Espero o pior para que o melhor me engane. Acordei antes do tempo. Vivi antes do tempo. E bebi antes do tempo. Por isso dispenso inúteis condenações. Não sintam mais se assim o quiserem. Mas nem sempre os abismos matam. Não forcem serem novamente bons se assim quiserem. Nada cai neste mundo. Somente as máscaras. Onde estão seus exércitos de terracota? Andar gingando não significa malandragem. Viciaram os dados. Mas dedos são incorruptíveis. Pés às vezes descansam. Mas mãos nunca. Eu presto minhas reverências grande mistério. Na verdade nunca fui humilde. Mas sempre bobo. O bobo da turma. O bobo da corte. A censura sem corte. Corte o bolo e não atrapalhe o continuar da festa. Não corte o cabelo. Deixa que eu corto o meu. Se é para chorar serei a carpideira. Uma carpideira que gargalha fingindo nervoso. Venta muita e algumas mangas caem só pelo barulho. E as folhas saem em sempre novo galope. Opus maximus. Circus maximus. As feras estão sempre de folga. A líbido é ótima conselheira. E o mago guarda com cuidado todos seus pós. Aquilo que não tem existência é o que existe mais. Ser feliz é a meta. Por isso não fui indiciado por falta de provas. Guardem esse dia. Esse dia é todo dia. O passado e o presente e o futuro são o mesmo espião com diferentes passaportes. Possíveis e impossíveis dramas. Novelas mexicanas dubladas em português. Diga a senha. E digite as prováveis causas. Existe vida após a sorte. Estamos vivos até o próximo sorteio. Tijolo por tijolo. Pedra por pedra. Vertigem por vertigem. É a antiga e sempre nova fórmula. A nova idade é a única novidade. Deixe que eu vá. Já perdi a pressa...  

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

De Qualquer Forma

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Eu te amo quase
Como um kamikazi
Suicídio consciente
A cura e o doente
Eu te amo mais
Como em haicais
Enganos da mente
E o coração sente
Eu te amo mesmo
Como tiro à esmo
Talvez diferente
Parado e em frente
Eu te amo explosão
Carro na contramão
Quase inconsciente
Batendo de frente
Eu te amo vida
Como uma ferida
Não quer fechar
E até nem dá
Eu te amo louca
Sem abrir a boca
De olhos fechados
E gestos parados
Eu te amo cínica
De forma clínica
Sem lei ou norma
De qualquer forma...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mais Nada

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Nada de mais que edifícios caindo
Nada de mais que meus olhos fechando
Balões proibidos subindo
E meu coração vadio se acelerando

Eu te amo, não se dá conta?

Te quero pelo menos uma vez...
Experimento da lâmina pelo menos a ponta
E o pesadelo de todo fim de mês...

Eu não sou quem tem coragem

E nem sou herói de contos de fada
Eu sou quem retem tua imagem

Como se fosse uma velha fotografia

E depois disso não há mais nada
Até logo, adeus, até outro dia...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nem Me Dê Flores

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Não quero amores. Nem me dê flores. Quando muito uma pétala só. Não sou egoísta. É melhor viver e não dar pista. Porque vindas. São tão lindas. E anunciadas. Mas idas. São só subidas. E inesperadas. Não quero flores. Estão todas mortas. E não hei de bater em outras portas. E nem hei de perguntar por outras caras. Nem simples nem raras. Deixem que outros peguem. Outros que perseguem. Viver às vezes é como fumar um cigarro. Ou bater o carro. Ou baterem a carteira. Tudo é normal. À sua maneira. Abalou geral. Daqui à cem anos descobrirão. O que hoje matou. Ou castigou. Meu coração. É hora. É vez. É agora. Ou no fim do mês. Talvez tenha demora. Ou talvez tenha talvez. Eu não ligo. Meu amigo. Passou o tempo que eu ligava. Cada peça em seu lugar. E ao meu jeito de amar. Eu também amava. Eu ainda sou testado cada dia. Pelo bem da alegria. Que ontem eu implorava. E se hoje não porem a mesa. Tenha certeza. Não me importava. São todas flores. Em lindos vasos. Já foram meus. Resta o adeus. Meus lindos casos. Houveram fugas. E hoje há rugas. Talvez atrasos. O trem que chega é que partiu. O que parte há de chegar. Alguns ninguém viu. Outros ainda não vão olhar. E se a palavra repete. A cena também repetirá. Apenas isso me compete. Sofrer e chorar. Não quero cores. Nem me dê flores. Finja que não. Olhe outro lado. Virá outra estação. Está tudo acabado...

Cemitério de Vivos

Morador reclama que Cemitério São Tobias em Guarapari está ...
Nós estamos tão tristonhos
E temos nossos motivos
É que enterraram os sonhos
Num cemitério de vivos

Foi a vida passando
Trazendo seus incentivos
E cada um se enterrando
Num cemitério de vivos

Somos mortos nas telas
Somos queima de arquivos
E acendemos mais velas
Num cemitério de vivos

E há pessoas que adoram
Os discursos mais emotivos
São carpideiras que choram
Num cemitério de vivos

Não só as guerras encerram
Há muito mais aperitivos
Para os coveiros que enterram
Num cemitério de vivos

Não me leve mais flores
Há perfumes enjoativos
Devolva antigos amores
De um cemitério de vivos...

Círculo


Tudo que faça é nada. Nada que faça é tudo. E os anseios desta estrada. Deixam-me mudo. Porque assim é. Porque assim será. Aonde existe a fé. Há quem dela duvidar. Há quem faça certo ou errado. O que ser assim será. Talvez onde é alvo haverá de atirar. E há mal sem ter malvado. Porque esse inesperado. Também possa acertar. É a vida e é o dia. É a farsa naturalmente. E a absurda geometria. Do normal e o diferente. Luta insana. Boa piada. É a louca tragédia humana. É o choro na calçada. É o coração e é a mente. O que mais que isso? É tão animal ser gente. Esqueci o compromisso. Nada vejo. Tudo nego. É a sorte do realejo. Tocado por mais de um cego. Pode deixar ali. Pode ir embora. Tudo que há de cair. Há de cair sem demora. É o trago. É o cigarro. Se melhorar eu estrago. O sinal fechou para o carro. Tem navios. Tem aviões. Existem até vários frios. Em outras quentes estações. Eu tenho até outros cios. Mas não são estas as questões. Fogo brando. Morte lenta. Vamos queimando até quando. Acabar toda pimenta. Quatro rodas. Quatro fodas. Tudo isso é normal. Viva a nossa canseira. Viva o tal Zé Pereira. Domingo tem carnaval. Domingo tinha novena. Mas já mudaram a cena. E suspenderam geral. Olha a flor. Com sua bruta leveza. Olha a dor. É o que se põe lá na mesa. Comam logo. Vem do fogo. Todo os dias eu jogo. Sem ter regras pro jogo. Bebo em excesso. Falo pouco. É a tática do sucesso. Ver com olhos de louco. Falar com boca fechada. Fazer grafites é maneiro. Para enfeitar a fachada. Ou somos o primeiro. Ou a corrida é acabada. Viva o Cão. Que dá pão. Viva o Deus. Que dá adeus. Tudo vem. Tudo tem. Tudo também é o céu. Vamos dizer o que tem. Em toneladas de papel. O copo encheu até a borda. Sou puro e casto. E sei que é no pasto. Que o boi engorda. Eu tenho pressa. Me dê licença. Que eu vou nessa. Tchau e bença.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Grito

Não haverá um novo grito
Porque o verdadeiro permanece ecoando
Desde a primeira dor.
É o fim, senhores!
As máscaras cairão no chão 
Hão de quebrar
E nada as colará para esconder...
Todas as mãos estão estendidas 
Para o gesto amigo e definitivo
E as espadas se quebrarão...
As bandeiras serão rasgadas,
As fronteiras serão esquecidas
E suas moedas nada mais valerão...
Perdoe-me meu próximo, 
Se nesse tempo todo nada fiz...
Perdoe-me mãe-Terra,
Se fui tão mal e mesquinho...
Irmãos-bichos, fiquem tranquilos,
Não serei mais um louco predador...
Flores, eu reconheço a solidez
Da sua linda estética...
Vida, eu te viverei sem me importar
Até quando estarás comigo,
Mas hei de te fruir cada instante...
Não haverá um novo grito,
Ele sempre existiu no sonho que não terminou...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Por Sons e Por Letras


o são o pão o não
irrevogavelmente associados
a rima a lima a prima
sons e letras certos e errados
o réu o céu o léu
e constantemente atrapalhados
o pó o só o nó
são todos eles donos do dia
os amores os atores os ardores
e tudo mais que eu faria
o três a vez a rês
na mais perfeita sintonia
me bata me trata me mata
tudo dará no mesmo lugar
a rasteira a besteira a peneira
que tudo há de pegar
é a mente é a gente é o doente
em tudo há de brincar
o vão o cão o tão
tudo te persegue te acompanha
o grito o rito o mito
cada um e sua forma estranha
a trama o drama a lama
tudo cai se você não apanha
o disco o cisco o risco
sem mentiras só meias verdades
tão dança tão trança tão mansa
cimento dos palácios das cidades
é atroz é nós é voz
todos procuram suas metades
eu cantei eu catei eu sou rei
mas não sei coisa alguma
ela é linda ela é vinda ela é finda
tudo pesado e tudo pluma
a quinta a tinta a pinta
tudo é mar e tudo é espuma
a tara a sara o bara
só é verdade o que cremos
a bola a sola a cola
nem estudamos mas sabemos
do fim do sim de mim
coloque os óculos e não vemos
a sessão a versão o verão
mesmo mudando se permanece
o balão o calão o salão
mesmo subindo se desce
são sons são bons são tons
tudo é nada em um segundo
ave maria ave mania ave sangria
na superfície começa o fundo
o adeus o deus os meus
tchau e bença acabou o mundo...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

More Bestiarum


Nós achamos que conhecemos tudo. Mas estamos sendo monitorados vinte e quatro horas nos sete dias da semana. O teu pesadelo de viver te vigia. E  a tela que te traz entretenimento é a mesma que te dá ordens. O teu banco regula a tua boca. E a miopia dos teus olhos já está cadastrada. O teu tesão é um ponto qualquer perdido nas estatísticas. E tudo se resume em agora. Continue pensando que você pensa. E que está fugindo mesmo estando no mesmo lugar. À favor ou contra não importa. O resultado é o mesmo. Platéia. Gladiadores. Feras. São trigêmeos criados por pais adotivos diferentes. Quem tem pena. Quem chora. Quem ri. São ângulos diversos de uma moeda de três lados. É um pique-tá feito sob o sol escaldante. Ninguém tem culpa. Porque exatamente todo mundo tem. Um novo boato começou e se perdeu do caminho de casa. Uma nova lenda amedronta e será vivida só pelo nosso vizinho. Uma nova droga foi inventada para encobrir as antigas que ainda funcionam muito bem. É a velha fantasia para um novo carnaval. Quantas bundas quiser colocaremos de fora. É o novo palavrão xingando a mãe. É a nova bala para a mesma arma. Tudo gera lucro. Até quando os lobos dormem para sempre. Tudo dá samba. Até quando se faz a canção sobre a canção sobre a canção. Os carretéis trazem secretos códigos. Para que a história seja eterna e ternamente recontada. Um lado do rio não conhece o outro. E as pontes sempre sofrem. Morte e vida são igualmente boas quando estão lá. E todos os sonhos são molhados. É uma grande feira que funciona sempre. É um labirinto com milhares de falsas saídas. Só a loucura nos liberta. Só ela concretiza sonhos. E nos incapacita de sermos maus. Todo raciocínio é tendencioso. Toda ação tem segunda intenção. E mesmo o amor participa de grandes farsas. Só a loucura vê com bons olhos. O medo faz parte da estratégia inimiga. Nós mesmos também somos nossos inimigos. E as leis da gramática se tornam físicas. Ontem e hoje e mil anos atrás são muito próximos. Viva sempre. Mesmo quando achar que não vale a pena. Mas vale...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mesmice Poética


O final previsto da novela
O carnaval vindo da favela
Brasil em forma de aquarela
Qual puta? Aquela...
Como pode ser tão bela?
Fizemos amor na janela
Ela foi logo pra tela
O resto é pura balela
Capricha aí na banguela
Vou acender uma vela
Vou pôr a culpa nela
De ter havido sequela
Quando viu a sentinela
Levei um chute bem na canela
Vê se me empresta a farpela
Pra ver se molho a goela
Vamos parar de balela
É estrela não é Estela
A Eva vem da costela
E a comida vem da panela
Ou é pão com mortadela
Não espalha senão mela
Acordei cheio de remela
Tu me traiu seu féla
Nem sei o que é procela
Só sei que a carne é cela
Sou Mangueira não Portela
Me escondi numa viela...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Humana Idade


É um vídeo. É uma foto. É o registro em HD. São os vírus. São as bactérias. São os novos medos. Junto aos antigos. É a invasão de domicílio. É a quebra da senha. É a página pessoal adulterada. É  a postura da mídia. É a disputa política. É o politicamente correto. É que vem. O que vai. O armário cheio de liquidações ultrapassadas. É o relógio digital. É a tendinite obrigatória. É a rima óbvia. São as ovelhas no precipício. Tenho que parar de fumar. Tenho que parar de beber. Tenho que viver sadiamente. E morrer como qualquer um. Saber de tudo. Ser inteirado com o mundo. Mas mesmo não saber o que devia. É o folder. É o modem. É a foda para fins reprodutivos. É a igreja. É o new e o old juntos. Nada mais. Não grite na rua. Não dance na chuva. Não ria sem motivo. Ache engraçado na hora certa. Escove os dentes de forma ortodoxa. Veja a tela em silencioso respeito. Finja que a mentira é verdade. Faça de si mesmo a exceção rotineira. É o novo corte de cabelo. É a nova cor de unha. A nova gíria. O novo meme. O novo sabor de chocolate. A vaca louca enlouquecendo loucamente. A corrupção em massa. Os relógios cheios de sono. Os legumes cozidos em rituais de vodu. Domingos e domingos são todos os dias. Na séria preocupação do nada. Porque nada muda o rumo das coisas. Somente a loucura. Nem sempre a queda do abismo mata. Milagres esperam para acontecer. Eu não vejo o ar e o respiro. A sequência das coisas traz o castigo. Ou a recompensa. Mesmo que ela nada signifique. Aparentemente pelo menos. Nada passou. Mas ao mesmo tempo não está mais lá. O poder não faz a música. Mas dita os passos. E o horário do baile. Nada mais. A independência depende de suas drogas. E elas estão à venda. Cada instante é vigiado por invisíveis fios. Marionetes até no nome. O incomercial é  imoral. Mas o amoral tem cadeira cativa no estádio. Antes eram leões para os gladiadores. Hoje são só leões mansos. E a platéia ri de não sabe o quê. Os rios não deságuam mais no mar. Simplesmente evaporam em novas chuvas. Um problema atrás do outro. É só isso. Falar mal virou elogio. Tudo está no esquema. Nenhum cão foge do canil. Os chips entraram por carne adentro. E os satélites agora têm olhos bem grandes. As ditaduras adoram trocar de roupa. O narcisismo é o mais importante dos alimentos. Nada é maior ou menor. Nisso consiste o grande engano de pessoas. A terra come. E tem apetite. Só os sonhos não morrem. E dão bofetadas na cara dos egoístas. As necrópoles estão cheias. E seu mármore é mais frágil que o papel...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Velha Tela


Eram filmes velhos que a tela velha exibia. Ou eram também desenhos velhos. E o menino ria e ria. Uma velha tela com caixa de madeira. Numa sala humilde e de qualquer maneira. A lâmpada quase que balançando. E de noite o menino desejando. Não dormir e não dormir. Porque o sono na verdade era ir. Direto para tristes pesadelos. Mas não bastavam seus apelos. E os olhos pesavam e pesavam. Até que finda a batalha fechavam. Mas quando noutro dia abriam. Depois de um tempo sorriam. Ela estava lá pesada e pronta. Mas o menino se apronta. Pois este era seu afã. Não dá pra ver de manhã. É preciso viver suas dores. Em grandes corredores. Espere voltar. Espere sentar. Espere o grande sofá. Espere imaginar como é a cor. Na ilusão morre a dor. A dor até acostumada. A dor já conhecida. A dor premeditada. Que se chama vida. A dor que às vezes nem tanto dói. Vem minha amada. Sou teu herói. Sou eu que trago. A varinha do mago. A mágica do dia. Numa velha caixa coberta de alegria. Eram filmes velhos que a tela única exibia. Ou eram desenhos antigos amigos. E o menino ria e ria. Um menino o qual pareço. Mas que há muito morreu. Um menino que ainda conheço. E esse menino sou eu. Um menino que me conhece. Um menino que foi um dia. Que rezava sua prece. Mas que ninguém atenderia. Um menino que simplesmente veio. E quem o levará de volta? Que veio ver o feio. E o mais não nota. E as vezes o fundo do poço. Que era uma tela também. Era um tempo moço. Que mesmo assim fez bem. Era uma tela. Era a novela. Era uma janela. Preto e branco e aquarela. A mais bela. Era aquela. Quem me dera. O tempo levou embora. E hoje a colorida. Tem menos vida. É assistida. Sem ilusão. Menos querida. Do meu coração. Não durmo mais cedo. Mas continua o medo. Continua o choro. E é normal. Sem bacurau. Mas com agouro. Era o mundo na velha tela.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Inspiração


Um sol bateu em minha cabeça
E os versos saíram pelos olhos
Eram versos singelos sobre tudo
Que possa me fazer viver

Um céu estava lá em cima 

E o convite finalmente veio
Para brincar de pega-pega com as aves
E me esconder por entre as nuvens

Um coração bateu no peito

E seu compasso acelerou-se
Para fazer a dança das horas
Enquanto eu via coisas e seres

Um gosto bem doce veio na boca

E substitui-me a amargura que tenho
Eu pude finalmente relembrar
E isso agora pareceu-me bem melhor

Um sol bateu em minha cabeça

E os versos saíram pelos poros
Eram versos singelos sobretudo
E molharam-me a blusa...

Nada Novo


Não há nada novo só o inesperado
Na nossa rotina só existe surpresa
Todo plano vai dar certo por enquanto
E toda estatística precisa de óculos
O fim do mundo acontece todo o dia
E as lojas sempre fazem liquidações
Ame o primeiro amor que aparecer
Ele pode ser também o único
Não se preocupe com os anéis
Há muitos desses pelo seu caminho
O beijo que não dei me dá saudades
E corpo que foi ainda me excita
O amor que senti e que morreu
Sempre ressuscita na lembrança
Os ventos fortes sempre estão vindo
Mas as asas precisam mesmo disso
O relógio mal enfeita o pulso
E minha camisa sempre foi desbotada
Eu quero novos e novos versos
Somente esses é que me importam
E poder falar sobre o que sinto
Desde do abrir ao fechar dos olhos
Todo mundo o mundo todo é meu amigo
Sobretudo os que ferem e fazem chorar
A insegurança é a marca de quem sonha
E a viagem em si já é a chegada
Não há maior coragem que o risco
E dele não devemos abrir mão
Eu já escutei várias e várias lendas
A maioria eram verdades científicas
E sou apenas mais um futurista
Como eram os que vieram antes de mim
As coisas que a sociedade te fala
São as mesmas que ela duvida
Todo desafio tem seu gosto doce
Como as frutas que estão sob espinhos
Nos travesseiros se constroem mundos
Os mesmos mundos que estão lá fora
A diferença de um lugar para outro
Não muda a natureza das coisas
Anjos e demônios assistem comédias
Com muita pipoca e refrigerante
Apaguem depressa essa luz
Sou animal noturno como os gatos
Cada marca de tua pele conheço bem
Já estive lá e foram muitas vezes
Não veja a quanto está o meu pulso
Estar próximo de mim já é um motivo
Já contei cada centavo que devo
Mas não chega aos pés de minha paixão
Preciso de muitas frases de efeito
Para declarar-me a mim mesmo
Para fingir-me um bom poeta
Como uma novidade no mercado
Tudo que deveria ser dito
Se repete em novas novidades
Gostar daquilo que todo mundo gosta
É buscar sombras que já têm luz
Vamos pular entre as estrelas
A hora sempre foi agora...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

É O Vidro

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É o vidro que me corta
É o vidro quem me repete
É o vidro da coisa morta
É o vido que me compete
É o vidro na minha cara
É o vidro na minha mente
É o vidro uma jóia rara
É o vidro que faz diferente
É o vidro lá na janela
É o vidro na liturgia
É o vidro junto da vela
É o vidro raiando o dia
É o vidro ficando quente
É o vidro ficando frio
É o vidro cobrindo a gente
É o vidro descendo o rio
É o vidro trazendo idéia
É o vidro fazendo o riso
É o vidro lá na platéia
É o vidro que eu preciso
É o vidro em estado bruto
É o vidro em seu refino
É o vidro chorando luto
É o vidro do meu menino
É o vidro que faz os ossos
É o vidro em diamantes
É o vidro guiando os nossos
É o vidro nossos instantes
É o vidro que te registra
É o vidro que me guarda
É o vidro vida sinistra
É o vidro fazendo a farda
É o vidro tudo que pude
É o vidro que sustentou
É o vidro bola de gude
É o vidro quem me amou
É o vidro que me levará
É o vidro que dará consolo
É o vidro que salvará
É o vidro crime sem dolo...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ainda São Sonhos Bons


Não são apenas tons
São cores verdadeiras
Verdadeiras percepções
Chegando de várias maneiras
É tudo que agrada ou não
Que nos fere ou cura
É um dia alegre de verão
Ou a noite vindo escura
É o menino tudo vendo
É o cego desesperado
É a letra que se vai lendo
Ou o mesmo livro fechado
É a figura viva na tinta
É o amor preso na mente
É a vontade agora extinta
Se foi e me deixou doente
É o rio correndo lento
É o vento agora parado
É tudo que ainda tento
Ou tudo que deu errado
É a queimadura do fogo
É o peso da fumaça
É a quebra da regra do jogo
Tudo que vem e que passa
Tudo vem e tudo vai
Eterno e impermanente
Tudo levanta e tudo cai
Acaba ferindo a gente
São peixes presos na rede
Mortos ainda brilhando
A água aumenta a sede
E rindo estou chorando
Eu rio de coisas sérias
Eu choro pelos brinquedos
O mundo e suas misérias
Ainda me fazem seus medos
Não dá pra evitar maldades
Mas algo pode ser feito
Há cores de todas idades
Esperando dentro do peito
Formas presas no dia
Esculturas presas na areia
Eu já fiz minha litania
Te bebi na santa ceia
Não são apenas esboço
Apenas obras completas
Foi a alegria de um moço
E suas passagens secretas
Tira a roupa e faça a pose
Sorria e não se mexa
Quero guardar esse close
Me deixa sem queixa
Me beija sem pudor
Quebra toda a estética
Não preciso desse amor
Nem ao menos dessa ética
É cor e cor que me vale
É toda cor ou nenhuma
Desde que ela me fale
Ou me esconda na bruma
Ou que me leve no vento
E me dê todo abrigo
Eterno ou por um momento
Que livre do inimigo
Que me seja sincero
Ou que seja até rude
Que saiba o que eu quero
Ou de tudo que pude
É o meu lápis de cera
É o meu lápis de cor
É o riso de qualquer maneira
Que me tira dessa minha dor
É a massa desses bonecos
É o cavalo do meu caubói
São os meus gritos e os ecos
Que o tempo não me corrói
Eu vou fingir que não sei
Vou fazer cara de bobo
Mas eu ainda sou rei
Desta matilha de lobos
É tudo que sei ou não vi
Vamos pular no abismo
Maior que Salvador Dali
Somente seu realismo
Não são apenas tons
Ainda são sonhos bons...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Poema dos Trinta Dias

São trinta. São trinta vezes. São trinta vezes trinta vezes. São quaisquer números aleatórios. Na triste dança dos meses. São novas vagas nos sanatórios. São histórias que a vida a pronta. O precipício bem lá na ponta. E o pouco que resta. O pouco que presta. Nem conta. São os trocados no bolso. É aflição do abraço. É o poço no calabouço. E a sensação de cansaço. É apenas o esboço. O que faltou do espaço. A obrigação de ser moço. Ou se fadar ao fracasso. São quase toda semana. A comemoração da espera. O passeio em Copacabana. O bote de uma pantera. E a nossa alma proclama. A primazia dessa quimera. Eu quero e quero mais. Espero e espero em paz. As casas em tom lilás. E o que couber da vida. Sem olhar pra trás. E a palavra corrompida. Meu voto é pra Satanás. Honrados pais de família. Já construíram seu muro? Escondam filhos e filhos. Do nosso breve futuro. Que é uma estrela que brilha. Mas só brilha no escuro. A casa já caiu. O fruto já está maduro. É tudo que se partiu. Todo carinho que é obscuro. A puta que nos pariu. O pesadelo chega no seu fim. O pesadelo é o que se paga. Aquilo que vive em mim. Aquilo que não apaga. Mas nunca é o meu fim. O fim de cada saga. O fim de cada besteira. O fim de cada burrada. Cada um sem sua maneira. Cada um com seu mais nada. A desculpa sincera e louca. A desculpa esfarrapada. Presa dentro da boca. Uma história mal contada. São trinta vezes quantas viver. Algumas param por aí. Viver às vezes que nem morrer. Chegar é que nem partir. Estudar mas não aprender. E voltar várias vezes aqui. É olhar e não ver. Tropeçar e cair. Trinta. Ou um pouco menos. Ou um pouco mais. Um cálice e muitos venenos. Muitas ondas faltando cais. Lances bem pequenos. Em letras garrafais. E dias mais amenos. Dentro dos temporais. Cada esquina uma surpresa. Cada sina uma nova presa. Cada menina uma nova Teresa. É hora do chá das cinco. É hora da janta às seis. São regras com afinco. São marcas em cada rês. É a própria existência. É o fez e o não fez. É grata preferência. Pra cada um freguês. É o passe adiante. É a culpa lavada. É cada um passante. Que não olha a calçada. São os pés de veludo. É a missa rezada. Somos culpados por tudo. Somos culpados de nada. São trinta passos. São trinta dinheiros. São trinta amassos. Dentro de um banheiro. É a ilha da fantasia. É a fantasia de um espelho. É a alegria da putaria. É o riso de um bom conselho.  É trinta! É trinta! Somente isto: Trinta!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mentira


Entre a dor e o riso
Tenho tudo que preciso
Não precisa vir comigo
Eu não mais corro perigo
Não vai haver problema
Só vai haver poema
Fique aí sentado
Se quiser olhe pro lado
Pra não ver minha partida
É a vida é a vida
Não sei quando termina
Mas é só dobrar a esquina
Que eu sumo da sua vista
O resto é como revista
Acenda mais um cigarro
É o sarro é o sarro
Termine a minha saideira
E fale qualquer besteira
O verso já dá pro gasto
Me afasto me afasto
Vou virar galã de novela
Foi ela foi ela
A malvada que me beijou
E agora nem sei quem sou
Pra mim acabou o dia
Mas olhe como é vadia
Não espere nem amanhã
Que a espera pode ser vã
A casa pode cair
Estou até sem dormir
Não mandarei mais rosas
Nem versos nem prosas
Nem nada que valha a pena
A mente ficou serena
Nem sou mais aquele humano
É só mais um engano
E tudo que nem uma praga
Um dia você me paga
Me paga bem pago
Acabou todo esse estrago
Teve um dia que eu avisei
Só quando é que não sei
Caíram todos os meus dentes
Quebram-se todas correntes
Estão vindo ventos do norte
Boa sorte boa sorte
Não me deve mais nada
Só me devolva aquela balada
Desligue aí essa tela
A vida não é novela
Não há sempre um final
Mas deixa que tem carnaval
E às vezes até folia
Seu nome não é Maria
Mas é quase Madalena
Pequena pequena 
Só sexo sem compromisso
Me divirto escrevendo isso
Me morde minha vampira
Mentira mentira...

Poema das Aparições

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Eu vejo coisas estranhas
Eu vejo apenas aparições
São as emoções tamanhas
Em vários de meus corações
São copos que esvaziaram
São dores que permanecem
São corpos que se queimaram
Enquanto as ilusões crescem
São passos que se erraram
É a ciranda agora parada
São tintas que descascaram
De que não sobrou mais nada

Eu sinto coisas estranhas

Eu vejo apenas aparições
Elas vêm das minhas entranhas
Caçando suas estações
São dias que já morreram
São planos que já falharam
E pecados que se arrependeram
São armas que não disparam
São desejos que não demoram
É a ânsia agora arrependida
São só fantasmas que namoram
O que nos sobrou da vida

Eu penso coisas estranhas

Eu vejo apenas aparições
É o destino que nos apanha
Construindo mais aflições
São rostos que já sumiram
São anos que não restaram
A felicidade que me tiram
As migalhas que não sobraram
A lembrança só da imagem
Que acompanha onde eu vá
No deserto minha miragem
Onde estou ela também está

Eu vejo coisas estranhas

Eu vejo apenas aparições
É o destino e suas manhas
Brincando entre estações
É um destino malvado
É um destino sem compaixão
É tudo que deu errado
Sem qualquer explicação
São esses versos pequenos
Que ainda vêm me falar
Do que vai sobrar ao menos
Quando a ciranda parar

Eu vejo...

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eterno Ladrão

Eu te roubo eternamente
Em versos que não pode ler
O rosto que ficou na mente
E nunca há de envelhecer

Entro no quarto na madrugada

Estás dormindo e é tão bonito
Ver a tua face tão amada
Enquanto continuo eu aflito

Não posso fazer nenhum ruído

Em silêncio fico e vou-me embora
Guardei teu rosto bem escondido

Protegido do tempo que passa

Sem o choro que agora chora
Sem que lhe destrua a feia fumaça...

Dias Tão Quentes Como Estes


Foram dias ainda tão quentes como estes. Em que a ânsia por luz era mesma. Não pela liberdade. Essa era um brinquedo de papel que alguém rasgava. Mesmo assim foi um tempo bom. Com as suas próprias luzes coloridas. E seu cheiro que não sai de minhas narinas. Olhem. É noite. E o mar de noite visto lá de cima é tão bom. Suas poucas luzes já refletem o mistério que eu queria. Eu tenho medo da queda. Mas desta vez não. A alegria às vezes cega o peito. E protege quem tem medo. Era bom. Era sim. Mas era a saudade. A saudade da rotina. Dos corredores. Da sucessão de dias numa rotina infinita. E do medo espreitando em cada virada. Olhem. Não existem amigos. Mas apenas quem nos olha e não nos vê. Olhem. Nada é garantido. Tudo é dúvida. Tudo é desassossego. Mas atrai a vítima como a serpente. É a lâmpada atraindo o inseto. E sua queda é precisa e fatal. Luz. Luz. É o que eu afugento. Mas quero mesmo assim. O que repele é o que atrai. Calor. Calor. É o que molha a testa. Como febre alta. Mas o suor também tem seus encantos. Som que incomoda meus ouvidos. Mas eu quero. Nomes feios que repito em oração. Não me castigue seja lá quem for. Mas tenha um pouco mais de compaixão que os meus dias. Eles não têm culpa do que são. Ms eu também. Não fui que fiz o ciúme. Nem outras coisas que fazem doer a carne sem machucar a pele. Não fui que escolhi meus pecados. Foram como os doces que comi sentado naquela calçada sem olhar a rua. Era o gosto doce na boca. E que um pouco ainda resta. A canção vai tocando no rádio velho nota à nota. O rádio que dormia lá na sala. Junto do quadro aceso cheio de pontos luminosos. Isso dava medo. Como dava medo muita coisa. Era o canto do bacurau. Mesmo quando chovia. Ou a lua era forte demais querendo imitar o sol. Tudo imita o sol. Em sua espontaneidade de invadir. Pelas fendas vem nossa visita. E o pó baila em suaves ondas. Nada lhe impede. Nada lhe aflige. Mesmo quando aguarda por séculos. Mas ali está. E fará malabarismos quando chegar sua hora. Todas as coisas. O poço. A moenda. Os coqueiros. O pé de laranja lima. Os cães. Os gatos. Os periquitos. E um lento vendaval que tudo isso levou. E não me devolveu. Eles ainda existem. Porque tudo que existe ainda nos aflige. Percebendo ou não. Velas que ardem mas não se consomem. É o infinito. Trancado em quatro paredes. Preso e solto. Livre e parado. Foram dias ainda tão quentes como estes. Ou até mais...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Múltiplas Flores


Múltiplas flores
Maculadas ou não
Com ou sem jardim
Múltiplas flores
Multifacetadas
Sem rimas eu vim
Múltiplas pétalas
Todas abertas
Pra ser em mim
Mesmo em sonhos
Ou pesadelos
Qualquer enfim
Múltiplas cores
Ou cor alguma
Coloridas assim
Múltiplas flores
Começo de dores
Sem fim...

Apenas Novelos

São vários novelos
Enrolados
Vários apelos
Que meu gato brinca
É o verso solto
Envolto
Saltado
Certo errado
E tudo complica
É sem freio
Bonito e feio
Saudável e mal
É o instinto
É que o pinto
Não há igual
É o erro de moto
É a velha foto
É o copo 
Cheio de cerveja
Que assim seja
Deus não escuta
E se escuta perdoa
A forma bruta
Deu ser pessoa
Ando devagar
Pra não estragar
Teu novo sono
Cachorro sem dono
Não sei o que quero
É o lero
A traição mais iminente
Que dói o dente
Que queima a alma
Vamos com calma
Vamos por partes
Se assim puder
Escola de artes
Soma do malmequer
E se puder atrapalho
Eu espalho
Quem pode que pegue
Não me negue
Inventar o inventado
Deite de lado
E olhe para o nada
Eu chego na chegada
E parto na partida
É a vida é a vida
Capítulos acabados
Tiros em todos lados
São tramas
São lamas
Vários atoleiros
São dramas
De muitos janeiros
São chamas
Nos fogareiros
Morreu o homem
Fica alguma saudade
E um rastro que se consome
Com o passar da idade
O resto some
Dentro da cidade
São apenas novelos
Quem dera tê-los...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pensei...

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Pensei que meus olhos eram do mundo. Mas não eram. Pensei que a idade que eu tinha coubesse tudo. Mas nada estava lá. Era um erro. Um simples erro. E as vezes simples erros são mortais. 
Pensei que meu coração valia alguma coisa. Mas não valia. Pensei que os sonhos eram para mim. Mas não eram. Afinal o sonho é para quem tem tempo. E esse já não tenho mais.
Pensei que o corpo podia ainda algo. E não podia. Pensei que o desejo bateria em minha porta. Mas passou longe. Tudo cansa. Mesmo que ainda permaneça. E tudo enjoa. Mesmo que a vontade sobreviva. 
É importante gritar. Mesmo que seja para o vento. Mas a garganta se cansou. Fazer versos é bom. Mas às vezes é lugar comum. Caminhar é o caminho. Mas pés cansados são maus companheiros.
Pensei que algumas coisas valiam tanto. Mas tudo que permanece nem sempre agrada. Pensei em você o tempo todo. Mas isso só incomoda tanto a você quanto a mim. As vezes a liberdade de um é a cadeia de outro.
Pensei que tudo podia ser bom. Pensei que tudo podia ser bonito. Mas nem tudo que é bom faz coisas boas. E nem tudo que é bonito. Evita a maldade.
Siga seu caminho entre as estrelas. Sinta o perfume de suas flores. Os meus sóis já se apagaram tem muito tempo. E meus perfumes dormindo estão. Não sinto mais saudade porque tenho medo de seu veneno. Mais uma gota seria fatal. Engulo meu choro o tempo todo. O sal escorrendo aumenta minhas rugas. E agora tenho medo do espelho mais do que antes.
Não leia o que escrevo. Nem me escute o canto. Antes de tudo ambos são feios. Não enganam como fotografias novas. Nem mentiras aveludadas para esconderem novos punhais. O meu é certeiro e antes matar do que ferir. O meu tem um alvo só. E não muitos. 
Pensei que tudo estava em seu lugar. Mas não está. Pensei que os dias são sucessivos. Mas não são. Somente o que envelhece cria raízes. E o que acontece hoje nunca mais acontecerá. Até as dores fazem falta. E até velhos problemas fazem rir. 
Pensei em rituais e em danças da chuva. Mas tudo é e cada novo que inventamos nos desorientam mais. Pensei em amarrações e outros feitiços. Mas tudo é um feitiço mesmo quando não queremos. Levaria mais mil vidas para apagar novos pecados e isso não é bom.
Se a estrela nova passar eu vou com ela. Não me espere para o jantar...

Sem Razão Aparente


Peixes fora da água
Exclamações sem sentidos
São os nossos protestos
Nossa dor sem gemidos

Nenhuma razão aparente

Tudo é apenas mais um dia
Apenas um dia de cão
Mais outro sem alegria

Quero fazer versos legais

Falando de minhas aventuras
E apenas consigo falar
Dessas banais ruas escuras

Das ruas em que prossigo

Vendo alguns vultos tristonhos
Das ruas onde eu perdi
E não reencontro meus sonhos

E mesmo que eu os ache

Não há mais o que fazer
Morreu tudo tudo tudo
Me morreu até você

E se há pouco pra falar

É melhor calar minha boca
Gastar menos saliva
Porque a saliva é pouca

Perdão por tudo que fiz

Eu fiz mas não foi por mal
Porque na manhã seguinte
Ainda era meu carnaval

Verdades tão mentirosas

Pra todo mundo acreditar
Mentira nos quatro elementos
Na água na terra no fogo no ar

Peixes voando no céu

Exclamações cem sentidos
São os nossos manifestos
Nossos amores escondidos

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...