quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O Último Carro

Mimico só dormia em teias

Com camas feitas de cristal

Só são bonitas as que feias

Salgarete só come o que é sal

O monstro dorme com meias

No meio de antigo carnaval


Mula de Balaão masca chiclete

Temos pragas rogadas em ternura

O meu tesão era pela chacrete

O cavaleiro triste é sem figura

A morte agora trabalha em frete

E não come mais nem fritura


Faço a barba com capim navalha

Escovo os dentes com pó de carvão

O maior sucesso veio com a falha

Por ser apático é que tive emoção

Meu carro na avenida faz bandalha

É a minha calma que faz rebelião


Tem um umbral aqui dentro de nós

É só olhar melhor para poder ver

Até solitários nunca estamos sós

Somente quando não há de comer

São muitas poções e também pós

Que o feiticeiro não pode fazer


Mimico só dormia em teias

Com camas feitas de cristal

Só são bonitas as que feias

Salgarete só come o que é sal

O monstro dorme com meias

No meio de antigo carnaval...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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