Um pedaço de mim vai para o ar:
Que me leve qual folha morta,
um pedaço de papel velho,
poeira cansada de ficar parada,
onde conseguir me leve,
transpondo as barreiras,
mostrando lugares que não conheci...
Um pedaço de mim vai para o fogo:
Que ele queime todas as minhas mazelas,
os restos de desejos que já morreram,
para que substitua o dia na falta do sol,
acenda todas as fogueiras que apagaram,
traga as alegrias que não tive,
não me importo que o resto seja cinzas...
Um pedaço de mim vai para a água:
Que eu retorne de onde vim,
para um mar mais do que absoluto,
mesmo que seja nas ressacas de agosto,
em escuridões cheias de temporais,
onde a tristeza vem me perseguindo
até esses velhos dias de hoje....
Um pedaço de mim vai para a terra:
A terra que tem a idade de tudo,
que tem a mesma paciência do tempo,
que não faz distinção de nada,
que vomita pedras e engole carnes,
que sempre engana aos homens
fazendo que pensem ser donos de algo...
Um pedaço de mim vai para o amor:
Que ele possa repartir este com o sonho,
estão perdoados por tudo aquilo que me fizeram,
pelas feridas que não deixaram fechar
e pelas outras que eles mesmos abriram,
pelas noites de falta de sono, mal dormidas
que talvez um dia compense eternamente...
Um pedaço de mim...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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