Minha cara avermelhou-se
de onde veio tal rubor?
Escutei um assovio
foi um vento que passou...
O tempo passou
foi passando...
Não passará mais
estou aqui voando
no meio dos temporais...
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Esqueci os cálculos
Embaralhei os números
Como qualquer um
Andei perdido
Em comuns labirintos
Como qualquer um
Olhei atento o céu
Para não ver nada
Como qualquer um
Assustei-me com notícias
Que eu mesmo fiz
Como qualquer um
Trouxe meus fantasmas
Para perto de mim
Como qualquer um...
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Nem a chuva poderá entristecer-me
(pelo menos mais do que estou)
eu sou um cara bem teimoso.
Os meus sonhos poderão cair
(estão bem alto nas nuvens)
eu criarei outros mais belos ainda.
Não estranharei a maldade humana
(porque humano também sou)
mas tentarei não ser tanto.
Tentarei uma queda-de-braço
(se for derrotado não faz mal)
para que a paixão não me mate.
Não me amedrontarei com a morte
(é a nossa grande conhecida)
ela virá na hora certa...
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Chuva chata
Chuva mata
Chuva prata
Sóis em solene protesto
Pardais lamentando-se
Margaridas em luto
Chuva ingrata
Chuva nata
Chuva cata
Mundo menino chorando
Nuvens de quase fumaça
Cena triste congelada
Chuva rata
Chuva bata
Chuva barata
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No meio da noite
Acompanho-me da solidão
Não me importo
Colho uma estrela por vez
Não me iludo
Até meus olhos irão se apagar
Ou será que não?
Talvez se transformem
Em duas novas estrelas
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Na serena noite dos meus dias
Eu rirei até não poder mais
Nada me era impossível
As minhas palavras zuniam
E transformavam-se em canções
Algumas de paz e outras de guerra
Não preciso dos velhos pés
Agora tenho novas asas
Foi a poesia que me deu...
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O coelho saiu da cartola
O pombo saiu voando
As estrelinhas dançaram
A ajudante bonita sorriu
E mesmo acabando o número
Amanhã tem mais
Para cada encanto acabado
Um outro surge...
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Teu corpo de vinho
Faz bem, faz mal
Não ter medo do caminho
Faz bem, faz mal
Ficar assim sozinho
Faz bem, faz mal
Querer rosa e espinho
Faz bem, faz mal
Me dê apenas um carinho
Faz bem, faz mal...
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