quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Poética do Absurdo Mais Que Real

 


Eu choro em meio ao riso

Será uma festa o meu funeral

A paixão matou-me sem aviso

Todo começo foi um final


Vamos comemorar o que não tem comemoração

A realidade é apenas mais uma ilusão...


Eu me disfarço sem ter fantasia

Sou apenas mais um desastre formal

Um dragão engoliu-me o dia

Coitado ele acabou passando mal


Vamos explicar o que não tem explicação

O destino é um carro sem direção...


Eu cato as sobras jogadas no lixo

Transformo em bem o próprio mal

Toda necessidade é apenas um capricho

Vamos dançar um tango sob o temporal


Vamos extinguir o que não tem extinção

A alma morre e sobrevive o coração...


Eu sou apenas mais um saltimbanco

E dou o meu pulo arriscado e fatal

Quis que a vida não passasse em branco

E fiz o pior: tornei-me um sujeito normal


Vamos comemorar o que não tem comemoração

A realidade é apenas mais uma ilusão...


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