segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 83

 


Certamente não há certeza nenhuma

nesse mercado sem regras

onde cada mercadoria

não tem seu preço fixado

Até os amores são vendidos!

A ilusão se espalha pelo ar

feita a fumaça amarelada e cinza

de velhos cachimbos de ópio

Certamente não há certeza nenhuma

nesse mercado sem regras

onde todas as preces 

acabaram se calando...


...............................................................................................................


Eu mesmo me feri com minhas unhas

como na aflição de dias melhores

dias bem melhores do que estes

que teimam em não chegar...

Eu mesmo feri minhas pobres carnes

com os sonhos mais absurdos que tive

mordi com a maior raiva que pude

mas não senti gosto algum...

Eu mesmo me feri minh'alma

mas ela já acostumada nada sentiu...


...............................................................................................................


Nada contra modernidades

elas ficarão enquanto serem

Nada contra antiguidades

todas elas tiveram seu tempo

Nada contra atualidades

umas ferem e outras não

Tudo passa pelo tempo

só o amor é imortal...


...............................................................................................................


Eu faço e desfaço tanta coisa...

Já me arrependi de ter me arrependido

Tantas e tantas vezes...

Abriguei-me do frio

Sob o maior temporal

Enquanto te procurava em vão...

Se há  sonoras notas não escuto

E costume me atirar em fundos fossos...

Eu te procuro como um suicida

E não confessei nenhum pecado...

Eu faço e desfaço tanta coisa...


...............................................................................................................


Não tenho mais tempo...

Os últimos estão quase terminando

Entre monotonia e tédio.

Não tenho mais razão...

A paixão devora-me aos poucos

Só sobrarão meus ossos.

Não tenho mais contentamento...

Se existir um motivo para continuar

Mandem-me logo pelo correio.

Eu percorrerei as tristes alamedas

Desta solitária e assustadora necrópole

Buscando a inscrição da minha lápide...


...............................................................................................................


Eu olho o rosto dela

Tão feliz

Entre os bichos de pelúcia

Eu olho o corpo dela

E maldigo intensamente

O que o tempo

Acabou me aprontando

Eu olho a tristeza dela

Mesmo com um sorriso

Eterno sorriso

Que quer enganar

Mas não consegue

Sou especialista em desenganos

Eu olho sua alma

E lamento desesperado

Que já perdi a minha

Faz tanto tempo...


...............................................................................................................


Escreverei teu nome

Naquele céu com brancas nuvens

Para que ele dure

Até depois do final dos tempos

Eu não sei onde estarei

Nessa exata hora

Eu-demônio choro e choro...


...............................................................................................................


Eu gosto de ver o movimento

Sou inquieto como um átomo

A pedra caída nas águas

As folhas dançando nas ruas

As fogueiras subindo e subindo

Sou a plenitude do grito

Que pula da garganta

A minha escuridão

Morre por todas as manhãs

Meu sangue é um rio transbordando

Quando chove demais


...............................................................................................................


Um, dois, três

a morosidade dos passos

os semblantes fechados

o luto em variadas cores

eu me esqueci de tudo

e os outros assim o fizeram


Um, dois, três

todos os caixões pesam

levando suas vãs eternidades...


...............................................................................................................




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...