sábado, 21 de novembro de 2020

Já Está Feito



A sorte está lançada...

Eu ando desnorteado como sempre, labirintos de febre, cabelos azuis e faces debochadas. Misturados estão todos os sons, mas até que essa cacofonia ficou bem agradável. Baile sem máscaras, sim, senhor...

A lida se cansou...

Sou um ilustre desconhecido que cata as tristezas jogadas fora com as mãos. Estão sujas, mas agora pouco importa. O carteiro não trouxe notícias boas, apenas contas vencidas. Eu bem que tentei, não deu certo...

O corte ainda está aberto...

Falo perguntas só por perguntar, sei a negativa de todas elas. Não se trata de ser fatalista, apenas estar acostumado com realidades pequenas e doloridas. Tudo se repete, nós é que não notamos...

Parei de sangrar depois de morto...

Nossos monstros saem da tela, invadem a sala e se assustam conosco. Nossa modernidade está muito antiga, velhos preconceitos nos fazem corar. A tolice comprou seu duplex em frente ao mar...

O cálice está vazio apesar de cheio...

Minhas tatuagens ficaram mais vivas do que eu, sua estética valeu mais do que meus esforços. Olho com volúpia as pernas de Betty até que minha alma arda de tesão. Tapem os ouvidos das crianças para não verem o meu politicamente incorreto...

Acabou a bateria do meu milagre...

Não sou malandro de lugar nenhum, apenas mais um sobrevivente de um Titanic que ainda não partiu. O cenário não ficou pronto a tempo para encenarmos a peça. Nesse teatro mambembe comemos nossas palmas...

Assobios zunem no meio da noite...

Um terremoto derrubou todo banquete no chão, os convidados agora imitam os cães. Tudo é muito parecido, senão igual. Vermelhos e azuis declararam cessar-fogo por tempo indeterminado. Não estranho mais coisa alguma...

Não quero mais olhar na tua cara...

Perdi as contas de quantas vezes perdi as contas, mas isso deve ser muito ou pouco. Por isso virei todos os espelhos para a parede. Minha criatividade acabou criando várias criaturas...

A velha senhora só quer um rio...

Piedosamente meus pedidos de perdão foram recusados, o que é mais do que normal. Olhando para eu mesmo descobri meia dúzia de enigmas. Tudo perde a sua importância se finalmente acordamos...

A sorte está lançada... Não há mais novidades... O que foi feito, já está feito...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...