Vidros quebrados
Roupas rasgadas
Ilusões desfeitas
Rostos parados
Nem mais lembrados
Cenas imperfeitas
Tudo muda
Menos o esquecimento...
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Faz tempo que nem tenho tempo de ver que nem tenho tempo. As raízes da saudade entranharam-se pelo solo seco de minh'alma e são difíceis de serem arrancadas. Tudo passa, menos o vazio de muitas ilusões mutiladas. Não reclamo mais, as minhas reclamações gastei contra mim mesmo. Não choro mais, o choro se tornou um lugar-comum totalmente fora de moda. Estou preso com as minhas próprias liberdades. O descanso pode até cansar mais...
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Quem somos nós?
Evitamos esta pergunta incômoda
Pela exata falta de resposta
Nossa roupa agora é nossa pele
Nossa vontade são os comerciais
Nossa verdade a própria mentira
Matamos nossa empatia
Com as pedras que atiramos
Nada mais tememos
Porque somos o próprio medo
Quem somos nós?
Mais um aplicativo baixado
Em nossos aparelhos celulares...
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Ando tão mal da memória... Esqueci todos os compromissos firmados comigo mesmo em ser feliz. Transformei-os numa competição barata com outros infelizes. Nesta competição não há ganhadores, todos perdem. Até Machado errou, as batatas estavam todas estragadas... Quase tudo continua na mesma, mas eu mesmo me ceguei de forma proposital. Gosto de coisas ruins, menos da minha própria pessoa. Enveneno-me regularmente procurando a cura para a doença que não tenho. Sou um grande inventor. Transformo a sabedoria em tolice. Manipulo todos os conceitos para chegar ao nada. Ando tão mal da memória...
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Sol para um céu que chorou ontem
O movimento de formigas
Para os homens da feira aqui perto
Tudo é tão divertido
Mesmo com qualquer tristeza que há
Até alguns pés cansados
Ficam de repente com vontade de dançar
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Representações hediondas
De uma miséria qualquer
Cometemos o erro
E escolhemos o castigo
Assim e não mais
Eu me embriago com os sonhos
Rude e cínico e debochado
Até minha tristeza se maquia
Chegou a hora do espetáculo
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Todos os números desapareceram
Não os da agenda do meu celular
Mas os números da vida
A inexatidão pertence à minha saudade
Sinto meu coração doer
Como o mais triste samba-canção
Eu gostaria de um alegre frevo
Mesmo se faltasse o guarda-chuvas
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Sábados
Desejando quase serem domingos
E amedrontados com as segundas
Eu até gosto das segundas
Mas a sua pressa entristece
Eu até gosto das segundas
Mas os carros não diminuem
Sua loucura nem sua velocidade
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