sábado, 21 de novembro de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 86



Vidros quebrados

Roupas rasgadas

Ilusões desfeitas

Rostos parados

Nem mais lembrados

Cenas imperfeitas

Tudo muda

Menos o esquecimento...


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Faz tempo que nem tenho tempo de ver que nem tenho tempo. As raízes da saudade entranharam-se pelo solo seco de minh'alma e são difíceis de serem arrancadas. Tudo passa, menos o vazio de muitas ilusões mutiladas. Não reclamo mais, as minhas reclamações gastei contra mim mesmo. Não choro mais, o choro se tornou um lugar-comum totalmente fora de moda. Estou preso com as minhas próprias liberdades. O descanso pode até cansar mais...


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Quem somos nós?

Evitamos esta pergunta incômoda

Pela exata falta de resposta

Nossa roupa agora é nossa pele

Nossa vontade são os comerciais

Nossa verdade a própria mentira

Matamos nossa empatia

Com as pedras que atiramos

Nada mais tememos

Porque somos o próprio medo

Quem somos nós?

Mais um aplicativo baixado

Em nossos aparelhos celulares...


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Ando tão mal da memória... Esqueci todos os compromissos firmados comigo mesmo em ser feliz. Transformei-os numa competição barata com outros infelizes. Nesta competição não há ganhadores, todos perdem. Até Machado errou, as batatas estavam todas estragadas... Quase tudo continua na mesma, mas eu mesmo me ceguei de forma proposital. Gosto de coisas ruins, menos da minha própria pessoa. Enveneno-me regularmente procurando a cura para a doença que não tenho. Sou um grande inventor. Transformo a sabedoria em tolice. Manipulo todos os conceitos para chegar ao nada. Ando tão mal da memória...


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Sol para um céu que chorou ontem

O movimento de formigas

Para os homens da feira aqui perto

Tudo é tão divertido

Mesmo com qualquer tristeza que há

Até alguns pés cansados

Ficam de repente com vontade de dançar


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Representações hediondas

De uma miséria qualquer

Cometemos o erro

E escolhemos o castigo

Assim e não mais

Eu me embriago com os sonhos

Rude e cínico e debochado

Até minha tristeza se maquia

Chegou a hora do espetáculo


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Todos os números desapareceram

Não os da agenda do meu celular

Mas os números da vida

A inexatidão pertence à minha saudade

Sinto meu coração doer

Como o mais triste samba-canção

Eu gostaria de um alegre frevo

Mesmo se faltasse o guarda-chuvas


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Sábados

Desejando quase serem domingos

E amedrontados com as segundas

Eu até gosto das segundas

Mas a sua pressa entristece

Eu até gosto das segundas

Mas os carros não diminuem

Sua loucura nem sua velocidade


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