Passeio mudo pelas ruas triste
De cabeça baixa e mãos nos bolsos
Meu relógio se quebrou
E eu o deixei numa gaveta por aí
Algumas ideias fervilham na mente
Umas absurdas outras nem tanto
Perguntas que nunca serão respondidas
Dão seus gritos desesperados
Que só eu mesmo escuto aflito
Meu sonho vem de cara amarrada
Querendo saber porque demoro tanto
E acredito em sua atitude hostil
Nunca consigo atendê-lo
Um vento bate em meu rosto
Como o hálito quente de um bêbedo
Que agora dorme sentado na calçada
De boca aberta e babando
Todo apatia do mundo paira serena
Não quero mais recordar nada
Tudo que passou dói mais
O espinho da saudade fere fundo
Toda lembrança agora me parece
Com um ácido escorrendo
Em minha pobre pele enrugada
Toda poça d'água no asfalto
É mais um velho espelho
Que mostra meu rosto morto
Pela mais triste das antecipações
Qual é a data de hoje?
Todos os dias são semelhantes
Em suas tristezas que tentam cantar
A canção com a letra feia
E com uma melodia mais ainda
Está quase no momento exato
Em que as cores tímidas e esmaecidas
Se tornarão cada vez mais fortes
E invadirão o ar com um certo ar
Como um certo genérico de alegria
E então eu apenas mais um louco
Dançarei o tema da eterna solidão
Mesmo que ninguém escute
Esse tão bonito fundo musical...
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