segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Tamanhos


Intermináveis goles de café mesmo que frio...

 Pontas de cigarros empilhadas no cinzeiro...

O meu quarto que está todo desarrumado...

Eu acabo enxergando tudo e todas as coisas

Sobretudo quando estou cego

Sobretudo quando estou nessa contínua escuridão...

Penso na inutilidade útil de tantos outros

E tremo de medo de ser mais um deles...

Escuto palavras tão estranhas e familiares

E muitas promessas que foram quebradas...

Os meus fantasmas me acompanham

E gritam no meu ouvido que nada deu certo...

Até o que me deu alegria se acabou...

Algumas cenas são como velhas fotografias

Eu não sou apenas mais um só...

E como elas acabam me fazendo chorar...

Percebo certas verdades imperceptíveis...

O invisível tem um certo charme...

O inexistente é capaz de prodígios maiores...

Não podemos escapar de tal acontecimento

Pois a fatalidade nos comprou na promoção...

A nudez perambula pelo mundo distraída

E faz poses para as capas de revista...

Do alto dos prédios pulam certeiros

Diversos pássaros sem asa

Que se espatifarão no duro asfalto

Num  novo espetáculo mambembe...

Todo mundo agora tem pressa

Principalmente da morte banalizada...

Todo mundo agora tem pressa

De virar um número com mais pressa...

Mostrar uma moral que nunca teve...

Ser mais careta do que realmente é...

Somos apenas rebeldes falidos

E a nossa tolice ultrapassa

De longe a barreira do som...

Procuremos a falta de lógica

Que aliada ao desconforto

Chamamos idiotamente de moda...

Maldosos problemas de sobrevivência

Numa rotina inusitada qualquer...

Os dedos doem por sobre o teclado

Como um pianista que erra as notas...

Compre um real de pão e faça uma festa...

Inveje a ração do cachorro...

 que emagrece o porco

São os olhos do vizinho...

O garoto é tão feminino

Quanto qualquer outro na rede social...

Bundas e genitálias em destaque...

E o candidato honesto feito um rato...

A sociedade é um grande hospital

Mas todos os médicos estão de folga...

Tudo acaba sendo fashion 

Até os andrajos do velho mendigo...

Está aberta a temporada de caça...

O jogo de dados sobre o manto

Ainda não terminou...

Toda obscenidade acaba sendo correta...

Mesmo quando faltam doses de Bukowski...

Certas medidas valem a pena e outras não

Respeitados seus respectivos tamanhos...

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