Intermináveis goles de café mesmo que frio...
Pontas de cigarros empilhadas no cinzeiro...
O meu quarto que está todo desarrumado...
Eu acabo enxergando tudo e todas as coisas
Sobretudo quando estou cego
Sobretudo quando estou nessa contínua escuridão...
Penso na inutilidade útil de tantos outros
E tremo de medo de ser mais um deles...
Escuto palavras tão estranhas e familiares
E muitas promessas que foram quebradas...
Os meus fantasmas me acompanham
E gritam no meu ouvido que nada deu certo...
Até o que me deu alegria se acabou...
Algumas cenas são como velhas fotografias
Eu não sou apenas mais um só...E como elas acabam me fazendo chorar...
Percebo certas verdades imperceptíveis...
O invisível tem um certo charme...
O inexistente é capaz de prodígios maiores...
Não podemos escapar de tal acontecimento
Pois a fatalidade nos comprou na promoção...
A nudez perambula pelo mundo distraída
E faz poses para as capas de revista...
Do alto dos prédios pulam certeiros
Diversos pássaros sem asa
Que se espatifarão no duro asfalto
Num novo espetáculo mambembe...
Todo mundo agora tem pressa
Principalmente da morte banalizada...
Todo mundo agora tem pressa
De virar um número com mais pressa...
Mostrar uma moral que nunca teve...
Ser mais careta do que realmente é...
Somos apenas rebeldes falidos
E a nossa tolice ultrapassa
De longe a barreira do som...
Procuremos a falta de lógica
Que aliada ao desconforto
Chamamos idiotamente de moda...
Maldosos problemas de sobrevivência
Numa rotina inusitada qualquer...
Os dedos doem por sobre o teclado
Como um pianista que erra as notas...
Compre um real de pão e faça uma festa...
Inveje a ração do cachorro...
O que emagrece o porco
São os olhos do vizinho...
O garoto é tão feminino
Quanto qualquer outro na rede social...
Bundas e genitálias em destaque...
E o candidato honesto feito um rato...
A sociedade é um grande hospital
Mas todos os médicos estão de folga...
Tudo acaba sendo fashion
Até os andrajos do velho mendigo...
Está aberta a temporada de caça...
O jogo de dados sobre o manto
Ainda não terminou...
Toda obscenidade acaba sendo correta...
Mesmo quando faltam doses de Bukowski...
Certas medidas valem a pena e outras não
Respeitados seus respectivos tamanhos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário