Não há mais nada
E serenos turbilhões fazem um par
E as palavras voam sôfregas
Em monossílabos que valem muito
Bem mais do que qualquer foto...
Os meus dedos assim tremem
Enquanto as carnes rijas ficam
Como o bote de selvagem felino
Ou corrida desajeitada e aracnídea
Para pegar mais um inseto...
Amanhã (hoje) será a feira
E muitos olhos assim vão piscar
É o carnaval de todos os sábados
E a novidade da rotina impera
Mais ainda que o velho tempo...
Eu vejo alguns (muitos) sinais
E nem mais essa areia que voa
Poderá arrancar-me o meu riso
Mesmo quando um apocalipse
Pular do jornal para o chão...
Eu trago alguns sonhos mestiços
Vindo do alta de alguma cordilheira
Pelas mãos de uma bruxa alourada
Que um dia reinou e isso repete
Ao comando do controle remoto...
Foi quase que um chute em gol
E o suor escorreu feito do estivador
Quando o frio nas manhãs pesadas
Acaba acelerando o metabolismo
E a vida vira um campo de batalha...
Milhões de decibéis para o cavalheiro
Sentado em cima da mesa ali ao lado
Que está na mais suprema das dúvidas
Se comerá no mais pacato silêncio
Ou se será a nova sensação da rede...
Nossas carpideiras têm ataque de riso
Na hora exata do funeral encomendado
Enquanto os centuriões servem chá
Em bandejas de lata ornadas com arabescos
E paninhos bordados por nossas avós...
E não há mais nada...

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